Natal – Histórias do Natal. IV. O nascimento de Jesus
Lucas 2.1-7 Para muitos, o Natal não passa de uma
Natal – Histórias do Natal. IV. O nascimento de Jesus
Lucas 2.1-7 Para muitos, o Natal não passa de uma
Natal – Histórias do Natal. III. José e Maria
Lucas 1.26-39, 56 com Mt 1.18-2. Dos quatro evangelistas, somente
Natal – Histórias do Natal: II. João Batista, o precursor
Lucas 1.13-17, 57-66; 3.1-14 Na pequena cidade de Judá onde
Natal – Histórias do Natal: 1. Zacarias e Isabel
Lucas 1.5-25 O primeiro grande acontecimento que o médico e
Natal – As Histórias do Natal. V. O anúncio aos pastores
Veja esta e última de três belas apresentações das histórias
Reforma Século XVI – Líderes da Reforma
Em 31 de Outubro as igrejas Reformadas celebram o Dia
O estudo das Histórias Bíblicas sempre me encantou. A de
Na primeira parte desta mensagem, vimos que, por sua providência,
Ronald Sider escreveu um livro com um título intrigante: “O
Para muitos, o Natal não passa de uma reunião de família, de comes e bebes, de troca de presentes. Não nos esqueçamos, porém, de que o Natal é a data em que se comemora o nascimento de Jesus, o Salvador do mundo. A ocasião é própria para uma revisão da história desse nascimento extraordinário e para uma reflexão sobre o seu significado. É o que estamos fazendo nestas primeiras mensagens desta série baseada no evangelho de Lucas. No texto acima indicado, este evangelista especifica o tempo, o lugar e o modo do nascimento de Jesus.
Paulo escreveu aos Gálatas:
“… vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher…” (Gl 4.4).
O texto de Lucas mostra que, de fato, Jesus nasceu na “plenitude do tempo”, isto é, no tempo oportuno, no tempo determinado por Deus.
O evangelista refere-se a César Augusto (v. 1). Este Augusto, anteriormente chamado Otávio, derrotou Antônio e Cleópatra, em Accio, apoderou-se do nascente Império Romano e se tornou o seu primeiro grande Imperador.
Ora, o Império Romano foi o quarto grande império desde os dias de Nabucodonosor, rei de Babilônia. Em Daniel 2, lemos acerca do sonho desse grande rei. Ele sonhou com
“uma grande estátua… A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris de bronze; as pernas de ferro, os pés em parte de ferro, em parte de barro… Um pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro… Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou em grande montanha que encheu toda a terra” (Dn 2.31-35).
A interpretação foi dada por Daniel, e foi a seguinte: A cabeça de ouro da estátua representava o Império Babilônico; o peito e os braços de prata representavam o Império Persa, que substituiria o Babilônico; o ventre e os quadris de bronze seriam o Império Grego, que sucederia ao Persa; as pernas e os pés de ferro e barro representavam o Império Romano, que, com sua força e suas fraquezas, seguiria o Império Grego. Quanto à pedra cortada sem auxílio de mãos, e que derrubou a estátua e se transformou numa
“grande montanha que encheu toda a terra”, Daniel disse: “Nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído… esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2.37-45).
Esta é uma das mais extraordinárias profecias bíblicas concernentes ao advento do Messias, do Cristo e do Seu Reino eterno (Ver Mr 1.14-15; Mt 12.28). Portanto, o nascimento de Jesus ao tempo de César Augusto cumpriu o sonho de Nabucodonosor e indica que o Rei dos reis nasceu “na plenitude do tempo”.
O profeta Miquéias havia predito que o Messias nasceria em Belém da Judéia
“E tu, Belém-Efrata… de ti me sairá o que há e reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade…”(Mq 5.2. Ver e Mt 2.4-6).
“Belém” significa “casa do pão”, e era, portanto, o lugar apropriado para nascer aquele que diria: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome…” (Jo 6.35). Belém era a “cidade de Davi” (Jo 7.42). Jerusalém também era “cidade de Davi” , mas porque o rei a tomou à força e a fez capital do seu reino; Belém era a “cidade de Davi” porque este rei nasceu ali e, quando jovem, humilde, apascentou, nas campinas da cidade, as ovelhas de seu pai. Jesus nasceu humildemente em Belém para ser o “Bom Pastor” e cuidar das ovelhas de Seu Pai (Jo 10.14-15).
“Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2. 6-7).
Cada frase é importante e tem profundo significado. Veja:
Lucas 1.26-39, 56 com Mt 1.18-2.
Dos quatro evangelistas, somente Lucas e Mateus contam como se deu o nascimento de Jesus.
O Dr. Lucas enfatiza mais a virgindade de Maria e a concepção miraculosa do menino Jesus. Ele conta que o anjo Gabriel apareceu a uma virgem desposada com certo homem, cujo nome era José. A virgem chamava-se MARIA. O anjo lhe disse:
“Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo… Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus…”
Maria perguntou:
“Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?”
O anjo então explicou:
“Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso o ente santo que há de nascer, será chamado Filho de Deus.” (Lc 1.26-35).
Este outro evangelista dá prosseguimento à história e conta que JOSÉ, ao sa-ber da gravidez de Maria, “resolveu deixá-la secretamente”. Mas um anjo lhe apare-ceu, em sonho, e lhe disse:
“José, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o no-me de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.”
Neste ponto, Mateus acrescenta um nota particularmente importante :
“Ora, tu-do isto aconteceu, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por inter-médio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer Deus conosco)” (Mt 1.23 e Is 7.14).
O evangelista termina a história dizendo que
“José… fez como lhe ordenara o anjo do Senhor, e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus” (1.24-25).
Entrementes, Lucas continua seguindo os passos de Maria. Segundo esse evangelista, ela viajou logo em seguida ao seu casamento, e foi passar uns tempos na casa de Zacarias e Isabel, na Judéia (1.39-40,56). Isabel, que era parenta de Maria, estava no sexto mês de gravidez, esperando João Batista (1.36).
Assim que Maria chegou à casa de Isabel, esta sentiu o bebê estremecer no ventre e ficou possuída do Espírito Santo. Não precisou Maria dar-lhe a alegre e auspiciosa notícia de sua própria gravidez, e de que Jesus, o Salvador, estava a caminho. Isabel o soube prontamente, talvez por revelação do Espírito Santo. Não se contendo de exultação,
“exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor?…” (1.39-45).
A resposta humilde de Maria foi um cântico de louvor a Deus, hoje conhecido em todo o mundo por sua primeira palavra, na versão latina: “MAGNIFICATE” (engrandecer):
“A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador… Pois desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o Seu nome…” (1.46-55).
Os jovens José e Maria, por sua piedade, pureza moral e obediência a Deus se tornaram um modelo para os jovens crentes de todos os tempos. Ambos os relatos referem a virgindade de Maria. Certamente, a mensagem principal dessas passagens é de cunho teológico: o nascimento virginal de Jesus, assim como seus ensinos e suas obras posteriores, serviu para mostrar, desde o começo, que Ele era o Filho de Deus ( Lc 1.35), o “Emanuel”, o “Deus conosco” (Mt 1.23).
Contudo, secundariamente, a história toda valoriza a castidade de José e a virgindade de Maria. Mateus registrou o importante detalhe: “Estando Maria desposada com José, sem que tivessem antes coabitado…” (Mt 1.18). E quando o anjo disse a Maria “Eis que conceberás…”, ela, muito simplesmente perguntou: “Como será isto, pois não tenho relação com homem algum” (Lc. 1.34).
“Os tempos mudam”, dizem. “Castidade e virgindade já eram!” Não para os namorados e noivos verdadeiramente cristãos. Paulo escreveu ao Tessalonicenses:
“Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostitui-ção, que cada um saiba possuir o próprio corpo, em santificação e honra, e não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus… Deus não nos chamou para a impureza, e, sim, em santificação” (I Tess. 4.3-7).
O exemplo de santidade que José e Maria nos legaram é parte das maravilhosas histórias do Natal de Cristo. Tenhamo-lo em mente ao celebrarmos uma vez mais aquele Natal, e renovemos, todos nós, o nosso propósito de viver uma vida pura, agradável a Deus e, consequentemente, mais honrada e feliz.
Pr. Éber Lenz CesarLucas 1.13-17, 57-66; 3.1-14
Na pequena cidade de Judá onde viviam Zacarias e Isabel, não se falava de outra coisa: “Um anjo apareceu a Zacarias… Isabel vai ter um filho… Quem diria?”
Foram meses de expectativa geral. Então, “A Isabel cumpriu-se o tempo de dar à luz, e teve um filho” (v.57). Vizinhos e parentes reconheceram “que o Senhor usara de grande misericórdia para com ela, e participaram do seu regozijo” (v. 58). Passados exatos oito dias, Zacarias e Isabel, como bons judeus, levaram o menino ao templo de Jerusalém para que fosse circuncidado e consagrado. Era tempo de dar nome à criança. Alguns sugeriram que lhe dessem o nome do pai, mas Zacarias e Isabel , obedecendo à determinação do anjo, chamaram-no de João. O nome significa graça ou favor de Deus.
Em face desta graça concedida a Zacarias e Isabel,
“…todos os seus vizinhos ficaram possuídos de temor”, e diziam: “Que virá a ser, pois, este menino?” (vs.65-66).
Esta é, ainda hoje, a pergunta que pais, parentes e amigos fazem quando nasce uma criança. Zacarias e Isabel, muito excepcionalmente, souberam, de antemão, qual seria o caráter do filho e o que ele faria na vida. O anjo lhes antecipou estas informações.
O anjo disse a Zacarias:
“… ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte, será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno…” (1.15).
Note: “Ele será grande diante do Senhor…” O mundo geralmente avalia as pessoas por sua beleza física, por sua cultura, por seu dinheiro, por seus bens. Mas Deus vê o coração, o caráter, a espiritualidade. João foi um homem simples, “usava vestes de pêlos de camelo, e um cinto de couro” e “sua alimentação era gafanhotos e mel silvestre” (Mt 3.4). Jesus disse uma vez que João não usava roupas finas, nem vivia em palácios (Lc 7.25). Além disto, por toda a sua vida, ele nunca bebeu vinho nem bebida forte, e foi um homem cheio do Espírito Santo (Lc 1.15. Ver Ef 5.18). E “a mão do Senhor estava com ele” (Lc 1.66). Por todos estes motivos, Jesus testemunhou a respeito de João, dizendo: “Entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João…” (Lc 7.25-28).
O anjo disse também:
“E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. E irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (1.15-17).
Num sentido, o missão de João foi única, pois ele preparou o caminho para o ministério terreno de Jesus. Noutro sentido, porém, ele fez o que todos os crentes cheios do Espírito Santo podem e devem fazer: converter pessoas a Deus e a Cristo, ser um instrumento de Deus para reconciliar pais e filhos, para fazer que os desobedientes obedeçam a Deus, para preparar o caminho para Cristo nas vidas das pessoas.
Os pais sempre querem que seus filhos sejam grandes. Não tem nada errado com isto. Mas é preciso que saibam em que consiste a verdadeira grandeza. João foi o maior porque seus pais foram piedosos e obedientes a Deus, e porque ele próprio, João, auxiliado pelo Espírito, creu em Cristo (Jo 1.32-34) e viveu uma vida simples, separada para Deus e consagrada ao serviço de Deus no mundo. Não podemos desejar e pedir a Deus nada melhor para nós próprios e para os nosso filhos.
O evangelista inicia este relato situando historicamente o chamado e o início do ministério de João.
Foi “no décimo-quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás…” (vs.1-2a).
Não vamos comentar aqui o caráter e o desempenho destes líderes políticos e religiosos. Basta-nos saber que uns e outros foram extremamente corruptos, e que aquela foi uma época sombria da história. Ora, foi justamente naqueles dias difíceis que “veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto” (v.2b). Saibamos não desesperar nem por nós mesmos nem pela causa do Senhor quando predominam a incredulidade, a imoralidade, a corrupção, a violência e a miséria. Deus pode estar preparando a redenção, e se manifestará oportunamente, mesmo no meio da crise.
João estava “no deserto” quando Deus lhe falou. Talvez tivesse ido para o deserto da Judéia a fim de preparar-se para o ministério que Deus tinha para ele, segundo as palavras do anjo a Zacarias, seu pai (1.15-17). Moisés também estava no deserto quando Deus o chamou para libertar Israel da escravidão do Egito (Êx 3-4); o próprio Jesus passou quarenta dias no deserto antes de começar o seu ministério (Lc 4); Paulo passou três anos nos desertos da Arábia antes de dar início às suas viagens missionárias (Gl 1.15-17). É no isolamento e na quietude do “deserto” ou do quarto fechado que melhor podemos ouvir a voz de Deus e preparar-nos para o ministério que ele tem para nós, qualquer que seja.
Depois que a Palavra de Deus veio a João, no deserto,
“ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados” (v.3).
O ministério de João consistiu em chamar os homens ao arrependimento, isto é, a uma mudança de mente em relação ao pecado, a fim de que pudessem receber a Jesus. Seu batismo teve o único valor de testemunhar externamente esse arrependimento. João preparou o caminho para o ministério mais amplo e completo de Jesus, o Salvador.
O povo, a princípio, pensou que João fosse o Cristo (Messias, no hebraico), mas João os corrigiu, dizendo: “Eu não sou o Cristo” (Jo 1.20), e “Eu na verdade vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu… Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (v.16). Este outro batismo, o de Cristo, não seria símbolo da mudança de mente apenas, mas também da mudança de coração e de natureza.
Preparando o caminho para Jesus, João cumpriu uma antiga profecia, agora lembrada por Lucas:
“Voz do que clama no deserto, preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos, aplanados; e toda a carne verá a salvação de Deus” (vs. 4-6; Is 40.3-5).
“Preparai o caminho do Senhor!” Como?
Com tais correções, possíveis mediante o arrependimento sincero e o retorno a Deus, “toda carne verá a salvação de Deus” , ou seja, o que Deus pode fazer em nossas vidas, em nossos lares, em nossas igrejas, em nossa sociedade.
Uma palavra final sobre o método empregado por João. Não foi nem convencional nem tão brando como as pessoas gostariam que fosse. Para sensibilizar os ouvintes e levá-los ao arrependimento, a “voz do deserto” usou expressões as mais fortes:
“Raça de víboras, quem voz induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento…” (vs. 7-9).
Deu certo. As pessoas, sensibilizadas, quiseram saber o que fazer, e quais seriam os “frutos dignos de arrependimento”.
Os pregadores de hoje precisam estar mais tempo no “deserto” a fim de pregar a Palavra de Deus com mais firmeza e coragem, sem omitir o amor e a brandura, claro. Em muitas circunstâncias, poderá ser proveitoso abrir um espaço na liturgia dos cultos para o povo responder à pregação e perguntar: “Que faremos?” Isto aconteceu durante as pregações de João, de Jesus, de Pedro, de Paulo. Em resposta a tais indagações, resultantes da inquietação suscitada pela pregação, o pregador poderá fazer aplicações específicas da mensagem, como o fez João Batista.
Por outro lado, as congregações hodiernas precisam receber a Palavra com mais sensibilidade, inquirir, e, sobretudo, produzir “frutos dignos de arrependimento”. O resultado será o mesmo de então:
“Toda carne verá a salvação de Deus.”
Pr. Éber Lenz César ([email protected])
[i] Mais a frente, quando chegarmos ao capítulo 3 deste evangelho, consideraremos mais detalhadamente o Ministério de João Batista.
Lucas 1.5-25
O primeiro grande acontecimento que o médico e evangelista Lucas registrou em seu Evangelho foi o aparecimento de um anjo a um sacerdote judeu chamado Zacarias. O anjo disse ao sacerdote:
“Tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho a quem darás o nome de João. Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento” (vs.13-14).
Esta palavra foi tanto mais importante porque desde os dias de Malaquias, o último dos profetas do Velho Testamento, Deus não se manifestava a ninguém em Israel. Falando com Zacarias, através deste anjo, Deus quebrou um silêncio de quatrocentos anos. Além disso, como veremos numa outra mensagem, o filho de Zacarias e Isabel, João Batista, nasceu comissionado para a nobre missão de preparar o caminho para Jesus, o Salvador. Deus estava cumprindo uma das últimas profecias do Velho Testamento:
“Eis que envio o meu mensageiro que preparará o caminho diante de mim…” (Ml 3.1).
Lucas tem o cuidado de dar-nos o contexto histórico e político deste acontecimento extraordinário e auspicioso. Foi “nos dias de Herodes”. Esta observação é importante porque aqueles dias foram particularmente difíceis para o povo de Deus. Por determinação do Senado Romano, Herodes, o Grande, governou a Palestina de 40 a.C. a 4 d.C. Ele foi um rei muito violento e incrivelmente desumano. Foi ele quem mandou matar todos os meninos judeus de dois anos para baixo, querendo com isto que, em algum lugar, o menino Jesus fosse morto.[i] Esta simples observação – “nos dias de Herodes…”, lembra-nos que grandes bênçãos da parte de Deus às vezes ocorrem em tempos muito difíceis.
Como indivíduos e como casal, Zacarias e Isabel têm muito a nos ensinar. Lucas registrou que
“… ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor” (v. 6).
Note a palavra “ambos”. Ambos eram crentes, e bons crentes! E isto apesar de Herodes!
Todavia, “não tinham filho, porque Isabel era estéril” (v.7a). Naquele contexto cultural, não ter filhos era uma vergonha, uma grande provação.[ii] Isto lembra-nos que a graça de Deus a ninguém isenta de tribulações, nem mesmo aos crentes mais piedosos.[iii]
Mas Zacarias e Isabel, quando “avançados em dias” (v.7b), receberam a sua bênção maior, a que justificou suas vidas. Isto acontece às vezes: a maior bênção pode estar por vir; e poderá ser aquela pela qual terá valido a pena viver, mesmo até a velhice. O salmista escreveu acerca dos justos: “Na velhice darão ainda frutos e serão cheios de seiva e de verdor…” (Sl 92.14).
(Aguarde postagem da segunda mensagem desta série, na próxima semana).
Pr. Éber Lenz César ([email protected])
[i] Não devemos confundir este Herodes com Herodes Antipas ou com Herodes Filipe, seus filhos e sucessores, também referidos neste evangelho (3.1,19; 23.8,11).
[ii] Ver Lucas 1.25 e I Samuel 1.5-6,10-11.
[iii] Ver Tiago 1.2-4; Romanos 8.28.
http://eberlenzcesar.blog.br/wp-content/uploads/2012/12/PP-Historias-do-Natal-1.pdf
Veja esta e última de três belas apresentações das histórias do Natal!
http://eberlenzcesar.blog.br/wp-content/uploads/2012/12/as-historias-do-natal-3.pdf
[button link=”#http://eberlenzcesar.blog.br/2012/12/24/historias-do-natal-i-zacarias-isabel-e-joao-batista/” color=”red”] Histórias do Natal. I. Zacarias, Isabel, João Batista[/button]
[button link=”http://eberlenzcesar.blog.br/2012/12/24/as-historias-do-natal-2-jose-maria-jesus/” color=”red”] Histórias de Natal. II. José, Maria, Jesus[/button]
Em 31 de Outubro as igrejas Reformadas celebram o Dia da Reforma. Sejamos gratos a Deus pelos Reformadores que, no século XVI, arriscaram suas vidas na defesa da sã doutrina. Veja estas breves notas biográficas dos principais líderes da Reforma.
Nasceu em Wildhaus, Suíça, em 1484 e morreu em Kappel Albis, Suíça, em 1531. Foi o principal reformador Suíço; denunciou a corrupção na hierarquia eclesiástica; defendeu o casamento de sacerdotes; condenou o uso de imagens nos templos; introduziu uma forma de culto que substituiu a missa; ministrou em língua alemã (não em latim); pregou a Bíblia capítulo por capítulo, interpretando os originais hebraico e grego, ao contrário dos demais padres que usavam a Vulgata Latina e a interpretação dos Pais da Igreja.
Este início de Reforma espalhou-se pela chamada Confederação Suíça, mas alguns Cantões preferiram permanecer Católicos. Formou-se uma aliança de Cantões Reformados, que dividiu a Confederação Suíça.
A idéias de Zuingli chamaram a atenção de Lutero e outros reformadores, que se reuniram com ele em Hesse, na Alemanha. Concordaram em muitos pontos, mas não na questão da presença real de Cristo na Eucaristia.
Em 1531, houve um confronto armado entre os Cantões Reformados e os Cantões Católicos. Zuingli morreu nesta batalha. Seu trabalho foi quase todo em Zurich, Suíça.
Nasceu em Noyon, França, em 1509, morreu em Genebra, na Suíça, em 1564. Dedicou-se aos estudos jurídicos e à interpretação das leis dos homens, chegando por essa via ao estudo das leis de Deus. Em 1534, renunciou aos benefícios eclesiásticos, sua principal fonte de renda, iniciando longa peregrinação espiritual. Em Basiléia, Suíça, escreveu suas Institutas, que enfocam temas fundamentais do Cristianismo. Escreveu muitas outras obras teológicas e comentários bíblicos.
Em 1536, Calvino tentou fixar-se em Strasburg, na fronteira da França com a Alemanha, mas, devido a uma situação de guerra, foi para Genebra, Suíça. Nesta cidade, ele conheceu Guillaume Farel, que havia iniciado igrejas reformadas em Neuchatel, Berne e Genebra. Farel convenceu Calvino a permanecer em Genebra.
Calvino e Farel influenciaram de tal maneira o Governo de Genebra que a cidade tornou-se um Estado Teocrático, uma “Roma Protestante”. Posteriormente, muitos protestantes perseguidos refugiaram-se ali. Calvino e Farel treinaram missionários que espalharam o Protestantismo por outros países da Europa.
OS CINCO PONTOS DO CALVINISMO
- Depravação total
- Eleição incondicional
- Expiação limitada
- Vocação eficaz (graça irresistível)
- Perseverança dos santos (segurança eterna)
Nasceu em Esleben, na Alemanha, em 1483, morreu na mesma cidade, em 1546. Em 1505, abandonou o curso de Direito, na Universidade de Erfurt, Alemanha, e entrou para o Convento de Erfurt. Foi ordenado Sacerdote Agostiniano em 1507. Experimentou grande angústia espiritual, julgando-se indigno da Salvação. Dedicou-se a jejuns, vigílias e orações num esforço para merecer a salvação. Em 1508 transferiu-se para o Convento de Wittenberg, Alemanha, onde passou a ensinar Filosofia. J. Staupitz, vigário geral, estimulou-o a estudar Teologia e a Bíblia.
Lutero impressionou-se principalmente com o ensino paulino sobre a justificação pela fé (Rm 1.17; 3.23,24,28; 5.1, etc). Entendeu que as obras não são a causa, mas sim, o efeito da Salvação. Começou a ensinar isto em suas aulas em Wittenberg. Em 1516, questionou a eficácia das “indulgencias” e declarou ousadamente que o Papa não tinha poder algum para livrar as almas do Purgatório.
Em 1517, um certo Tetzel estava vendendo indulgências, alegando que o dinheiro seria usado na construção da Basílica de São Pedro, em Roma. Lutero revoltou-se e, em 31 de outubro de 1517 fixou as suas famosas 95 Teses na porta da Igreja de Wittenberg. Era um procedimento comum e um modo de suscitar discussão sobre determinado assunto. Todavia, o conteúdo das teses de Lutero foram como uma bomba, e precipitaram a Reforma. Lutero sofreu oposição, lutas e, por fim, excomunhão. As reações levaram-no a fazer outras afirmações ainda mais ousadas: negou que o Papa tivesse poderes sobrenaturais; ensinou o sacerdócio de todos os crentes; defendeu o livre exame das Escrituras; denunciou a corrupção do clero.
O Papa publicou uma bula (decreto) de excomunhão. Lutero e seus simpatizantes teriam 70 dias para se retratarem. Lutero queimou a bula em público… Em 1520 o Papa publicou a sentença final excomungando Lutero e condenando-o à morte. Entretanto, para ter efeito, a bula papal dependia do poder civil, e o caso foi à Dieta de Worms (assembleia política). Lutero dirigiu-se à mesma certo de que marchava para a morte. No tribunal, foi colocado diante dos livros que havia escrito e solicitado a retratar-se. Lutero respondeu:
“É-me impossível retratar-me, a menos que se me prove pelo testemunho das Escrituras e por meio do raciocínio que eu estou enganado. Não posso confiar nem nas decisões dos Concílios nem nos papas, pois está bem claro que eles não somente têm se equivocado, como também têm se contradito entre si. Minha consciência está sujeita à Palavra de Deus, e não é justo nem seguro agir contra a própria consciência. Que Deus me ajude.”
Por interferência de amigos, Lutero foi salvo da morte e refugiado. No exílio, escreveu livros e traduziu a Bíblia para o alemão.
PONTOS CENTRAIS DA REFORMA
- Supremacia da fé sobre as obras (sola fide)
- Salvação só pela graça (sola gratia)
- Supremacia das Escrituras sobre a tradição (sola Scritura)
- Sacerdócio universal dos crentes (acesso a Deus)
Pr. Éber Lenz César ([email protected])