O Vale de Baca II (Conforto e orientação para os que sofrem)
(Conclusão) Na primeira parte desta mensagem, definimos o contexto do
Paulo achou que precisava dizer aos “cristãos” de Corinto: “Examinem-se
Missionários José Dilson e Zeneide – Livres!
Hoje, dia 5/4/2013, bem cedo, recebemos a maravilhosa notícia de
Alegria apesar de tudo. V. Mente segura
Vamos concluir esta série de mensagens. Vimos que, em sua
II. Tempo de renovar com Cristo
Nesta mensagem, vamos refletir sobre a experiência de Pedro, discípulo
O estudo das Histórias Bíblicas sempre me encantou. A de
Na primeira parte desta mensagem, vimos que, por sua providência,
Ronald Sider escreveu um livro com um título intrigante: “O
No domingo passado, dia 15, à tarde, saí a pé com minha esposa para ver o movimento no entorno do Maracanã, a poucos metros da minha residência. Que multidão! O verde-amarelo cedeu espaço maior para o azul e branco argentino. Milhares e alegres hermanos! Por rivalidade histórica, muitos brasileiros, senão a maioria, torcia pela Bósnia… Não adiantou! Venceram os hermanos!
Não só no entorno do Maracanã, e neste domingo, mas em todo o país, há meses, as pessoas têm falado da Copa. Até porque há boas razões para lamentar e criticar os gastos exorbitantes do Governo com a reforma dos estádios e construção de novas arenas, tudo em prejuízo da Saúde, da Educação, dos Transportes etc.. Apesar disso, agora, em pleno campeonato, a maioria vai entrando mais e mais no clima, vestindo verde-amarelo e torcendo pelo hexa!
Refiro-me à Copa apenas metaforicamente, tendo em vista o entusiasmo do povo, o esforço das seleções, a ânsia pelo gol, pela vitória, pela taça… Todos a querem, naturalmente. E é por isso que se esforçam tanto, seleções e torcedores.
Entretanto, enquanto as seleções correm atrás da brazuca e a multidão grita, hora aplaudindo, hora vaiando ou mesmo xingando (até à Presidenta!), um outro jogo acontece… Não acontece nas arenas, apenas; não termina quando o árbitro apita; não é um espetáculo que a maioria apenas assiste… É o jogo de todos, o tempo todo, em todo lugar… É o jogo da vida!
Este jogo inclui a luta pela realização pessoal. Bem ou mal, somos educados na infância e na adolescência para, então, enfrentar a vida: ENEM, vestibular, universidade, emprego, casamento, família… Quantos desafios! Quanta renúncia e quanto esforço tudo isto exige? A competição é tremenda, mais do que poderá ser uma final de Copa com Brasil X Argentina! (Não estou profetizando!). Alguns até desistem já no primeiro tempo. Mas há os que perseveram e vencem!
No jogo da vida temos que contar com as faltas e até com os acidentes. No afã da vitória, mesmo às custas dos outros, alguns chutam, dão cotoveladas, caneladas e rasteiras… Nós mesmos tropeçamos, cometemos faltas e, claro, sofremos as penalidades. Há também a possibilidade de um jogador em campo, de repente, passar mal ou receber a urgente e triste notícia de uma perda pessoal, de uma enfermidade grave na família… Alguns sucumbem na adversidade. Perdem o jogo.
Aqui está a causa primeira das derrotas, dos gols contra, dos pênaltis, das goleadas sofridas. Se o atleta não se alimentou bem, não se exercitou, não participou dos treinos, não se aplicou em aprender as regras, ele não tem chance alguma de vitória. Ora, falando do jogo da vida, não é diferente. E não estou pensando apenas no físico: boa alimentação, exercício e abstinência de álcool, fumo, drogas. Estou pensando principalmente na boa alimentação espiritual, no exercício da fé, da religião, do caráter, da moral, da relação com Deus e com o próximo!
Num contexto greco-romano, cultura que instituiu os Jogos Olímpicos, o apóstolo Paulo escreveu:
“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível…” (I Co 9.24-27).
O apóstolo fez analogia semelhante à que estou fazendo. A corrida no estádio ilustra à corrida ou o jogo da vida; a ambição e o esforço do atleta na pista ou no campo ilustram nossos anelos e esforços na vida, seja na família, nos estudos, na profissão ou na chamada “batalha espiritual”, a luta contra as tendências pecaminosas que nos são latentes (Gl 5.17). Eles, os atletas, fazem o máximo por uma coroa ou taça corruptível, isto é, perecível, temporária; nós, os cristãos, visamos a coroa incorruptível, uma recompensa divina, celestial e eterna.
O mesmo apóstolo escreveu noutra carta do Novo Testamento, endereçada ao jovem Timóteo:
“Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser” (I Tm 4.7-8).
O termo piedade refere-se à religião, ou melhor dizendo, à vida com Deus, a fé em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, à vida espiritual. É exercitada com estudo bíblico, oração e práticas ou procedimentos cristãos, dia após dia. O texto garante que o exercício físico, por melhor e mais proveitoso que seja, não é tão compensador quanto o exercício da piedade, pois esta traz consigo promessas de bênçãos tanto para esta vida (o nosso dia a dia) como para a eternidade. Em outras palavras, o exercício da piedade garante vitória no jogo da vida!
Concluo com estas outras palavras de Paulo. Ele referiu uma série de graves adversidades que havia enfrentado e ainda estava enfrentado no jogo da vida, e acrescentou, sem lamentos, sem desânimo, sem esmorecer:
“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou [Jesus Cristo]” (Rm 8.37).
Deus o abençoe no jogo da vida! Estamos torcendo por você! Vença!
Éber Lenz Cesar ([email protected])
Não é sonho, não é fantasia, não é utopia, não é impossível. Há muitas por aí. Será que a sua é uma delas? Se não, pode ser…
Nós, cristãos, cremos na Criação por um Deus Soberano, Sábio, Poderoso e Amoroso. De um modo ou de outro, tudo foi criado por ele, a família inclusive. Para sua glória, para a nossa felicidade. A problema é que o pecado estragou tudo. O que desgraça uma família é a pecaminosidade humana, que se manifesta de muitas maneiras: egoísmo, mentira, crítica, palavras ásperas, infidelidade, falta de sabedoria…
Mas tem jeito, embora seja difícil, muito difícil. Os que estudam a Bíblia e têm fé sabem que, desde os primórdios, Deus está empenhado num grande plano de Redenção. Para dizer o mínimo, só o mais importante, ele enviou seu Filho ao mundo “para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3.16-17). Os que reconhecem seus pecados, se arrependem, buscam o perdão de Deus, com sinceridade de alma, são efetivamente perdoados e salvos, o que inclui uma mudança de coração, de atitude e de vida.
O apóstolo Paulo, que experimentou uma transformação extraordinária quando se encontrou com Cristo (At 9), escreveu aos cristãos de Corinto:
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (II Co 5.17).
Estar “em Cristo” é expressão típica desse apóstolo, e significa estar espiritualmente ligado a Cristo, pela fé, e submisso ao seu Senhorio, obediente à sua Palavra. Que diferença faz! O indivíduo torna-se, de fato, uma “nova criatura”. A família tem tudo a ganhar! Pode ser uma “nova família”.
Estar “em Cristo” tem correspondência. Ele também está “em nós”, pelo Espírito Santo. Ele mesmo disse, antes de sua ascensão:
“Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco” (Jo 14.16).
Isto aconteceu no Pentecoste seguinte (At 2). Desde então, os que crêem em Cristo e o recebem como seu Salvador e Senhor, têm o Espírito Santo. O citado apóstolo Paulo corrigiu os pecados de impureza que alguns cristãos coríntios estavam cometendo lembrando-lhes: “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus…?” (I Co 6.19).
O que isto tem a ver com família feliz? Tem tudo a ver, posto que
…é o Espírito Santo, também chamado Espírito de Deus e Espírito de Cristo, que nos santifica ou aperfeiçoa; de fato, ele produz ou aperfeiçoa em nós virtudes tais como “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5.22-23).
Que mais pode querer uma esposa do seu marido? Ou o marido da sua esposa? De que mais precisa a família para ser feliz, com muito ou com pouco dinheiro? Só precisamos levar isto a sério, praticar mesmo… Não é fácil, mas é possível e, claro, é o melhor. É família feliz! Por que deixar que as coisas se deteriorem a ponto de romperem-se os sagrados laços do matrimônio? Divórcio é uma desgraça!
Falamos de marido e esposa. Mas estes geralmente geram filhos. E a relação pais e filhos é igualmente difícil. Os pais, mesmo os cristãos, às vezes, não agem como quem está “em Cristo”; não atentam para o que o Senhor ensinou ou ordenou. São omissos com os filhos, ou severos demais, e até mesmo injustos. Frequentam a igreja, professam a fé cristã, mas não a praticam em casa; são incoerentes, quando não hipócritas. Nada pior para a formação religiosa dos filhos.
Por outro lado, os filhos, mesmo na tenra infância, deixam claro que nasceram com o chamado pecado original. O bebê “lindo e fofinho” também. (Eu e minha esposa tivemos três!).
Como o rei Davi, essa turminha precisa reconhecer: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). São egoístas, briguentos, birrentos, desobedientes… Se não cuidarmos, na adolescência e juventude, serão rebeldes e darão muito desgosto aos pais.
Mas isso também tem jeito, o mesmo jeito! Os pais cristãos devem ser exemplos. Precisam corrigir seus filhos bem cedo (Pv 29.17), com oração, amor, firmeza, paciência, sabedoria, coerência. A Bíblia é um instrumento precioso, posto que
“toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra” (II Tm 3.16-17. Ver Dt 6.5-9).
Os filhos, na medida em que crescem e assumem consciência e responsabilidade, precisam fazer a sua parte, “honrar pai e mãe” (um dos Dez Mandamentos). A melhor maneira de honrar é respeitando e obedecendo (Êx 20.12; Ef 6.1-4). Leia Relacionamento entre pais e filhos na página Recados para a Galera, no site da igreja: ipsc.org.br
Lar feliz é possível, em Cristo! Cada um fazendo a sua parte, sem desistir jamais!
[button link=”http://eberlenzcesar.blog.br/2016/05/12/a-familia-nos-planos-de-deus-2/”] A família nos planos de Deus[/button]
[button link=”http://eberlenzcesar.blog.br/2016/01/20/construindo-o-casamento-com-amor-i-tem-que-haver-acordo/”] Construindo o casamento com amor (Curso em 10 lições)[/button] Pr. Éber César Publicado no Boletim da IPSC em 27/05/2012 e no blog de éber em 24/05/2013
O sol se punha no horizonte, por trás das nuvens, sempre mais vermelhas do que no Brasil. É típico na África. Quando nas estepes, então! Era ao mesmo tempo lindo e melancólico. Sempre me lembro do pôr do sol africano… Não por culpa dessa criação divina, mas por razão das saudades dos familiares e da Pátria, algo como o banzo dos negros trazidos como escravos para o Brasil, no passado, tínhamos vez por outra, finais de tarde muito tristes. Naquele cenário e com tais sentimentos, acontecia pensarmos negativamente no trabalho que fazíamos, a evangelização e edificação espiritual dos portugueses imigrantes e refugiados. A colheita, então, parecia não justificar os esforços da semeadura…
Naquela noite, estávamos mesmo pra baixo. Para o bem ou para o mal, não tínhamos televisão nem computador; ninguém para conversar ou com quem nos distrairmos. Sair? Nem pensar. À noite, em Nelspruit, África do Sul, não tem nada aberto, nenhuma viva alma nas ruas. Fomos para a cama mais cedo, com a Bíblia e um exemplar do devocionário “Our Daily Bread” (Nosso Pão Diário). Abri o livrinho aleatoriamente, já que as datas eram passadas. A mensagem que li em voz alta para minha esposa ouvir foi providencial, um grande conforto e estímulo. No dia seguinte eu a traduzi e enviei para meu pai e meus irmãos no Brasil, todos pastores, juntamente com pedidos de oração. Guardei uma cópia da carta e da tradução. Recentemente, encontrei-a nos meus arquivos. Compartilho com você o texto traduzido, uma reflexão sobre o Sl 126.6:
“Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo seus feixes.”
“Uma abundante colheita no trabalho do Senhor é assegurada a todo aquele que fielmente semeia a boa semente da Palavra de Deus. Quando os nossos corações estão cheios de compaixão pelos pecadores perdidos, nosso fervor e o nosso amoroso interesse serão usados pelo Espírito Santo para afofar o duro e crestado terreno em seus corações incrédulos. Os resultados podem não aparecer de imediato, e pode ser que nos sintamos desencorajados e com vontade de desistir. Mas, se gastarmos tempo em
preparação e oração, pedindo a Deus o seu auxílio e direção, ele honrará e abençoará nossos esforços com fruto espiritual na vida daqueles que estamos procurando alcançar.
Um soldado gravemente ferido, antes de morrer, pediu ao capelão que o assistia que escrevesse uma carta à sua antiga professora de Escola Dominical. ‘Conte-lhe que eu morro cristão por causa do que ela me ensinou na classe da Escola Bíblica Dominical. A lembrança de seus apelos fervorosos e do calor de seu amor quando nos pedia que aceitássemos a Cristo, tem permanecido comigo. Diga-lhe que eu a encontrarei no Céu.’ A mensagem foi enviada e algum tempo mais tarde o capelão recebeu a resposta: ‘Que Deus me perdoe. Justamente há um mês eu renunciei minha posição e abandonei meus alunos da Escola Dominical porque achei que meu trabalho estava sendo infrutífero. Agora, eu lamento a minha impaciência e falta de fé. Eu vou pedir ao meu pastor que me permita voltar a ensinar. Eu aprendi que quando alguém semeia para Deus, a colheita é certa e abençoada!
Saiba isso, trabalhador cristão: ‘No Senhor o vosso trabalho não é vão!’ ( I Co 15.58). A alegria de sua gloriosa e abundante colheita o espera.”
(Our Daily Bread, Radio Bible Class, Spring 1976).
De fato, pela graça de Deus, tivemos uma farta colheita na África do Sul e em igrejas que pastoreamos ou plantamos no Brasil, em 48 anos de ministério.
Se desejar, você pode ler um pouco sobre o nosso trabalho missionário na África do Sul, na página Biografia, neste blog.
Na primeira parte desta mensagem, definimos o contexto do Salmo 84, o sentido da termo “baca” (balsameiras) e vimos que o “vale de baca”, no sentido real e figurado, é muito frequentado, é muito indesejável e, todavia, muito proveitoso. Vejamos agora…
O texto diz: “… passando pelo vale árido, faz dele um manancial…” Como? Cavando poços. Os peregrinos orientais, quando passam por regiões áridas, sem água, cavam poços. Assim, conseguem água para si mesmos e para seus animais. Agiram da mesma maneira no passado os patriarcas de Israel (Gn 26.18ss; Jo 4.12). Isso nos ensina três coisas:
Há conforto e escape na tribulação. Nossa tendência, quando passamos por uma provação, é desesperar e desistir. Hagar, a escrava egípcia de Sara, mulher de Abraão, quando expulsa de casa com o filho Ismael, enfrentou uma tremenda provação: andou errante pelo deserto de Berseba, até que lhe acabou a água do odre. Que fez, então?
“… colocou ela o menino debaixo de um dos arbustos, e afastando-se, foi sentar-se defronte, a distância (…) porque dizia: Assim não verei morrer o menino; e, sentando-se em frente dele, levantou a voz e chorou. Deus, porém, lhe disse: Ergue-te (…) Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água (Gn 21.15-19).
O poço estava ali, a salvação a seu alcance, mas Hagar, pessimista, desesperada, incrédula, não o percebeu. Nos desertos e vales áridos da vida há sempre algum poço cheio de conforto e salvação. Quando não, cabe-nos cavar um.
O conforto e a saída podem custar esforço. Se o poço não está cavado, temos que cavá-lo nós mesmos. E isso requer esforço intenso. No entanto, vale a pena. É melhor do que sentar para chorar e ficar esperando o imprevisível – talvez o fim. Muito da miséria e derrota de tantos cristãos resulta de sua inércia. Se quisermos saciar nossa sede de conforto, alegria e paz, e encontrar saída no Vale de Baca, temos que olhar à volta e encontrar os poços que outros já cavaram; ou então cavar nós mesmos nossos poços – na Palavra de Deus, na oração, na adoração, no aconselhamento cristão.
O conforto e a saída encontrados por um servirão a outros. Os poços abertos pelos peregrinos de hoje serão úteis aos peregrinos de amanhã. Os samaritanos e o próprio Jesus servirase da fonte de Jacó (Jo 4.6,12). No sentido figurado que estamos considerando, os Salmos são fontes de conforto que Davi e outros cavaram quando estiveram no Vale de Baca.
O conhecido livro Mananciais no Deserto contém o testemunho de muitos que beberam dessas fontes tão antigas, e por sua vez cavaram outros poços. Estas são as fontes, e estes são os poços que Deus nos aponta quando não temos forças para cavar e, como Hagar, simplesmente nos assentamos para chorar e esperar o fim. Às vezes é preciso desentulhar os poços entulhados por inimigos, por maus intérpretes e por maus conselheiros (Gn 26.15,18); outras vezes é necessário cavar poços novos (Gn 26.22).
Cavado o poço, espere pela chuva
Nosso texto diz ainda: “… de bênção o cobre a primeira chuva” (Salmos, 84:6). Isso estabelece uma distinção muito importante para todas estas considerações: os poços que cavamos no Vale de Baca geralmente são do tipo reservatório. Nós os cavamos, mas eles só se encherão quando Deus fizer chover. Tais poços não se enchem de baixo para cima, mas de cima para baixo. Nós fazemos nossa parte; Deus faz a dele. Cavar poços, abrir reservatórios, é um meio, não um fim. A bênção não está no meio, no reservatório, mas no Deus dos meios que enche o reservatório com seu conforto, sua paz, sua alegria, sua salvação, seu poder e sua presença.
“Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação (Is 12:2,3).
Deus e Cristo estão conosco no Vale de Baca. Por isso ele recende a bálsamo! Há poços cheios ali. Ele certamente nos permitirá descobri-los. Se assim não for, nos ajudará a cavar nossos próprios poços, e prontamente os encherá de bênçãos.
Pr. Éber M. Lenz César, Recife, Agosto de 1992. Esta mensagem está no livro do mesmo autor, “Passando pelo Vale Árido”. Se desejar adquiri-lo, faça contato.Paulo achou que precisava dizer aos “cristãos” de Corinto:
“Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos” (II Co 13.5).
Em outras palavras: é prerciso submeter-se a um teste, a um excame, neste caso, auto exame. E não basta achar que, dizer que é cristão… É preciso ser, de fato e de verdade. Os itens a seguir são um teste inicial, muito básico, mas um bom começo…
Pr, Éber Lenz César ([email protected])
Hoje, dia 5/4/2013, bem cedo, recebemos a maravilhosa notícia de que os Missionários José Dilson e Zeneide poderão ser julgados em liberdade. O HABEAS CORPUS FOI CONCEDIDO. ALELUIA! Não é o fim do processo… Assine a petição neste link:
O filho Jônatas postou: He is free! Habeas Corpus was approved! Thank you Jesus. Might be a few more days until they actually walk out, but thank you Lord! — com Jose Dilson E Marli.
Esta é uma das mais belas histórias do Velho Testamento. Na primeira parte, vimos como José, décimo primeiro filho homem de Jacó, foi parar no Egito, onde foi escravo, prisioneiro e, por fim, Governador. Chegou a este posto elevado quando, por providência divina, foi chamado da prisão para interpretar uns sonhos do Faraó. Os sonhos, segundo a interpretação que lhes deu José, profetizavam sete anos de fartura e, em seguida, sete anos de grande fome, não só no Egito, mas também nas nações à volta. Durante os anos e fartas colheiras, José sabiamente armazenou grande quantidade de cereais para os anos de fome. Deus tinha seus planos…
Chegaram os anos de fome em toda aquela região. Jacó, em Canaã, ouviu dizer que no Egito havia muito cereal e ordenou aos filhos, os irmãos de José, que fossem até lá comprar mantimento. Foi José quem os recebeu no Egito, reconhecendo-os prontamente; eles, porém, não o reconheceram (Gn 42.1-8).
Para provar seus irmãos e obter notícias do pai e do irmão mais novo, Benjamim, que não descera ao Egito com os mais velhos, José usou dos seguintes estratagemas:
O cereal comprado no Egito acabou e Jacó ordenou aos filhos que voltassem lá e comprassem mais mantimento. Judá lembrou ao pai que o homem forte do Egito (José) expressamente lhes dissera que eles não lhe veriam mais o rosto, a menos que levassem consigo o irmão mais novo, Benjamim (Gn 43.1-5). Jacó, relutante, acabou permitindo que levassem Benjamim. Judá se responsabilizou por ele (Gn 42.3-10).
Os irmãos de José partiram para o Egito levando Benjamim, muitos presentes e o dinheiro que lhes fora devolvido quando da primeira viagem ao Egito (Gn 42.11-15). Desta feita, aconteceu o seguinte:
José mandou o mordomo colocar o dinheiro dos irmãos de volta nos seus sacos, e o seu copo de prata no saco do irmão mais novo, Benjamim. E os irmãos de José, sem o saberem, partiram de volta para Canaã (Gn 44.1-3).
José mandou o mordomo atrás dos irmãos, o qual os acusou de pagarem o mal por bem, roubando o copo de prata do seu senhor. Os irmãos de José se defenderam, e disseram: “Aquele com quem for achado, morra…” O copo foi encontrado no saco de Benjamim… Profundamente consternados, recarregaram os jumentos e tornaram à cidade (Gn 44.4-13).
Estando todos na casa de José outra vez, Judá fez a defesa dos irmãos, e tentou salvar a vida de Benjamim. Fez menção de Jacó, de sua tristeza por haver perdido José, e do seu temor de perder também o caçula, Benjamim; acrescentou que Jacó certamente morreria de paixão se Benjamim não voltasse com eles para Canaã. Então, em desespero de causa, ofereceu-se para ficar no Egito, como escravo de José, desde que Benjamim pudesse voltar para Canaã (Gn 44.14-34).
José, não podendo mais se conter, mandou sair a todos os seus servos e, chorando, disse a seus irmãos: “Eu sou José…” Os irmãos ficaram muito atemorizados, julgando que José agora se vingaria deles. José tranquilizou-os, dizendo-lhes:
“Não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverem vendido para aqui; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós…. Assim. Não fostes vós que me enviastes para cá, e, sim, Deus…” (Gn 45.1-8).
José mandou seus irmãos voltarem depressa a Canaã a fim de darem notícias suas ao velho Jacó, e trazê-lo para o Egito. Depois, abraçou e beijou a todos os seus irmãos (Gn 45.9-15).
Faraó ouviu falar dos irmãos de José, ofereceu-lhes “o melhor da terra do Egito”, e carros para que trouxessem o pai, as mulheres e os filhos (Gn 45.16-20).
Os irmãos de José foram a Canaã e trouxeram toda a família para o Egito, umas 70 pessoas ao todo (Gn 45.21-46.27). Deu-se o reencontro de José com Jacó (Gn 46.28-34) e a apresentação deste ao grande Faraó do Egito. Jacó estava com 130 anos de idade (Gn 47.1-10). A família de José (Hebreus) estabeleceu-se na melhor parte da terra do Egito, em Ramessés, como ordenara o Faraó (Gn 47.11-12,27).
Vendendo cereal, José arrecadou todo o dinheiro que havia na terra do Egito; depois, não tendo mais dinheiro com que comprar mantimento, o povo deu o seu gado, e então as suas terras e, por fim, a si próprios, como escravos. “José comprou toda a terra do Egito para Faraó… Quanto ao povo ele o escravizou…” (Gn 47.13-27).
Jacó ainda viveu 17 anos na terra do Egito. Antes de morrer, com 147 anos de idade, ele disse e fez algumas coisas importantes:
José outra vez mostrou-se magnânimo para com os seus irmãos, que, depois da morte do pai, uma vez mais, temeram que José se vingasse deles (Gn 50..15-21).
Antes de morrer na terra do Egito, José, como Jacó, fez menção do Êxodo e pediu que, quando ocorresse, lhe transportassem os ossos para Canaã.
“Morreu José da idade de 110 anos; embalsamaram-no, e o puseram num caixão no Egito.” (Gn 50.22-26. Ver Êx 13.19).
O quadro ao lado faz uma comparação entre a história de José e a de Jesus, ou seja, como José é um dos muitos tipos ou símbolos de Cristo no Velho Testamento.
Vamos concluir esta série de mensagens. Vimos que, em sua carta aos Filipenses, capítulos 1, 2 e 3, o apóstolo Paulo refere circunstâncias, pessoas e coisas que costumam roubar-nos a alegria que temos em Cristo. Ele também nos ensina a prender estes ladrões de alegria exercitando atitudes que chamamos de
No capítulo 4, o apóstolo menciona mais um ladrão de alegria, a preocupação excessiva ou ansiedade, e nos ensina a combatê-la exercitando o que chamamos de mente segura.
O apóstolo tinha boas razões para se preocupar. Nos primeiros versículos, ele pede a duas mulheres da igreja de Filipos que procurem se entender, que parem de brigar (4. 2-3). Não sabemos por que estavam se desentendendo, mas elas estavam causando divisão na igreja, e isso desgostava o apóstolo, que amava aquela igreja e orava por ela. Mais que por qualquer outro motivo, Paulo poderia estar preocupado ou mesmo ansioso com a própria situação, pois estava preso em Roma, sempre algemado a um soldado romano, sem saber se viveria ou se seria condenado e morto nos próximos dias (1.13). Apesar de tudo, porém, ele não desanimava, não se deixava dominar pelas preocupações, não permitia que estas lhe roubassem a alegria no Senhor. Qual era o seu segredo? Primeiramente…
A palavra grega traduzida por “ansiosos”, em 4.6 – “Não andeis ansiosos de cousa alguma…” – significa “ser puxado em diferentes direções”. Nossas esperanças puxam-nos numa direção; nossos temores puxam-nos para a direção oposta. Resultado: ficamos “rasgados”. De fato, a “ansiedade”, que é preocupação excessiva, violenta tanto a mente como o corpo. Resulta em inquietação, dores de cabeça, dores musculares, úlceras, etc. Do ponto de vista espiritual, a ansiedade é um pensamento errado (mente) e um sentimento errado (coração) acerca das circunstâncias, das pessoas e das coisas. É um perverso ladrão de alegria. Todavia, não basta dizer a si mesmo: “Não vou me preocupar!” É preciso mais que boas intenções e pensamento positivo para pegar esse ladrão. O antídoto para a ansiedade é a mente segura. Em que consiste?.
1. Oração correta (4.6-7).
“Não andem ansiosos por coisa alguma; mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (4.6-7).
Numa primeira leitura, parece-nos que Paulo é redundante, repete a mesma idéia quando fala de oração, súplicas e ação de graças… Mas ele está nos advertindo contra o costume de correr para Deus em oração, quando preocupados com algum problema ou necessidade e somente pedir que ele resolva nosso problema ou supra nossa necessidade. Paulo fala, sim, de pedidos, mas em três etapas: oração, súplica e ação de graças.
Resultado: “A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”. Paulo, que estava preso, guardado por soldados romanos, vê a paz de Deus como algo que guarda ou mantém tranquilos e confiantes tanto o coração (onde podem ocorrer sentimentos errados) como a mente (onde podem ocorrer pensamentos errados). Exemplo: Daniel 6.10-11.
2. Pensamento correto (4.8).
“Tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (4.8).
Paulo já disse que orar corretamente resguarda nosso coração e nossa mente. Agora, enfatiza que podemos, sim, controlar nossos pensamentos; podemos deliberadamente pensar em algumas coisas, e não em outras. Para exemplo, ele dá aqui uma lista de coisas boas em que pensar. Compare com Sl 19.7-9.
Isto é muito importante, porque os pensamentos têm um poder enorme sobre o estado de espírito (alegria ou tristeza; ânimo ou desânimo etc.); e também sobre nossas ações. Temos que levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (II Co 10.5).
Alguém escreveu:
“Semeia um pensamento, colherás uma ação.
Semeia uma ação, colherás um hábito.
Semeia uma hábito, colherás um caráter.
Semeia um caráter, colherás um destino.”
3. Vida correta (4.9).
“Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês” (4.9)
A mente segura, que ora e pensa corretamente, também e consequentemente ajuda-nos a viver melhor, de modo correto. E que alegria isto nos proporciona! Escolhas equivocadas, vida atrapalhada, contrária à fé e aos ensinos da Palavra, roubam a nossa paz e a nossa alegria.
“…o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês”
Paulo põe em equilíbrio quadro atividades:
• Aprendestes e recebestes
• Ouvistes e vistes
Uma coisa e aprender a verdade; outra é receber a verdade e torná-la parte do caráter. (I Ts 2.13). Também não basta ouvir; é preciso ver e copiar. Paulo não somente ensinava a Palavra, mas ele vivia o que pregava; seus ouvintes podiam ver e imitar. Fp 3.17; I Ts 1.5-6; I Co 11.1.
4. Contentamento (4.10-20).
Nesse contexto em que fala de oração correta, pensamentos corretos e vida correta como meios de combater a ansiedade que frequentemente rouba a nossa alegria, Paulo nos exorta, ainda, a exercitarmos o contentamento. Ele agradece as ofertas dos Filipenses, mas fala do seu contentamento:
“… Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” (412-13).
Preciosa lição! Querer sempre mais gera ansiedade, orações erradas, pensamentos e sentimentos errados, vida errada. E lá se vai a alegria!
Então, como vencer a preocupação e não permitir que ela nos roube a alegria? Com oração correta, pensamentos corretos, vida correta e contentamento! Se praticarmos estes conselhos de Paulo, a paz de Deus guardará o nosso coração (4.7), o poder de Deus nos dará vitória nas adversidades (4.13) e a provisão de Deus não permitirá que nada nos falte (4.18-19). Fácil de memorizar isto: paz, poder, provisão…
Eber Lenz César
(Idéias adaptadas do livro Seja Alegre, de Warrem Wiersbe, Ed. Núcleo, Portugal))
Esta é a história de José tal como está contada nos capítulos 37 a 50 de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia.
José foi o décimo primeiro filho homem de Jacó. Benjamim, nascido posteriormente, foi o décimo segundo e o último. José e Benjamim foram os únicos filhos de Jacó com Raquel (Gn 30.22-24; 35.16-18).
“Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai. Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice (Gn 37.3). Além disso, José, assim como Benjamim, nasceu de Raquel, sua esposa mais amada” (Gn 29.30; 30.22-24; 35.16-18; 37.3).
A predileção de Jacó por José pode ter sido estimulada também pelo próprio caráter de José. Enquanto esteve em casa, José foi um filho obediente e serviçal (Gn 37.13). Posteriormente, primeiro como escravo, depois como prisioneiro e, então, como governador do Egito, José revelaria um caráter exemplar. Ele herdou as melhores qualidades de Abraão, seu bisavô, de Isaque, seu avô, e de Jacó, seu pai.
Os irmãos de José, ao contrário, em várias circunstâncias, revelaram um mau caráter. Tinham ódio e ciúmes de José, não somente por ser ele o predileto do pai, mas também porque José contava-lhes uns sonhos que pareciam indicar que seus irmãos e pais se inclinariam perante ele, um dia (Gn 37.5-11).
“Foram os irmãos apascentar o rebanho do pai, em Siquém.” José era um jovem de 17 anos. Jacó (que é Israel) ordenou-lhe que fosse ver como estavam os irmãos, em Siquém. José seguiu atrás dos irmãos e os achou em Dotã, um pouco acima de Siquem. Os irmãos conspiraram contra ele, para o matar. Rubem, o mais velho, salvou-o sugerindo que o lançassem numa cisterna, o que fizeram. Rubem tencionava restituí-lo ao pai, posteriormente.
José, no fundo do poço, angustiou-se, chorou, pediu aos irmãos que não o abandonassem ali. Tudo em vão (Gn 42.21). Indiferentes, seus irmãos “sentaram-se para comer pão …”. Foi quando viram aproximar-se uma caravana de ismaelitas (também chamados de midianitas). Os irmãos, então, resolveram tirar José do poço e vendê-lo como escravo àqueles mercadores. Rúben não estava por perto no momento. Quando chegou e viu o que os irmãos tinham feito, rasgou as próprias vestes, angustiado. Que haveriam de dizer ao velho, em Hebrom? Porém, os irmãos acharam uma saída: “…tomaram a túnica de José, mataram um bode e a molharam no sangue. E enviaram a túnica … a seu pai, e lhe disseram: Achamos isto; vê se é ou não a túnica de teu filho” (Gn 37.12-35). Que frieza! Que maldade!
Seguindo para o sul, pela rota comercial, a caravana de ismaelitas passou perto de Hebrom, onde viviam Jacó e sua família. Podemos imaginar a tristeza de José, manietado como escravo, passando tão perto de casa, do pai, de Benjamim… Talvez pudesse até ver, à distância, as tendas e os pastos da família… Ah, se pudesse gritar, sair correndo!
No Egito, José foi vendido a Potifar, oficial do Faraó, comandante da guarda. Na casa de Potifar, ele ficou exposto a muitas e graves tentações. Os egípcios eram extremamente idólatras. Potifar trabalhava para o Faraó, para o governo, como diríamos. Tinha em casa as suas festas e os seus rituais. José, entretanto, permaneceu humilde e fiel ao Deus de Israel.
“O Senhor era com José que veio a ser homem próspero… Vendo Potifar que o Senhor era com ele, e que tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas mãos, logrou José mercê perante ele, a quem servia; e ele o pôs por mordomo de sua casa, e lhe passou às mãos tudo o que tinha” (Gn 39.1-6).
Aconteceu, porém, que a mulher de Potifar “pôs os olhos em José e lhe disse: Deita-te comigo. Ele, porém, recusou, e disse à mulher do seu senhor: … Como cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?”
Isto se repetiu por vários dias. “Sucedeu que, certo dia, veio ele à casa para atender aos negócios. Então ela o pegou pelas vestes e lhe disse: Deita-te comigo; ele, porém, deixando as vestes nas mãos dela, fugiu.” Ela o caluniou perante o seu senhor, e este o lançou no cárcere (Gn 39.7-20).
Também na prisão “o Senhor porém era com José…” O carcereiro confiou a José a guarda dos presos, e a administração da prisão (Gn 39.20-23). Um dia, José interpretou os sonhos de dois prisioneiros, ex-oficiais do Faraó, ou sejam, seu copeiro-chefe e seu padeiro-chefe. Exatamente como disse José, interpretando aqueles sonhos, o primeiro foi restituído à sua função e o segundo foi morto. José pediu ao copeiro-chefe que falasse com o Faraó a seu respeito. Mas o copeiro não se lembrou de José, que continuou preso (Gn 40.1-23).
Passados mais dois anos, o próprio Faraó teve dois sonhos: sete vacas gordas e sete vacas magras subiam do rio Nilo. As vacas magras comiam as gordas. Depois, sete espigas, cheias e boas, saíam da mesma haste. Após elas, nasceram sete espigas secas, mirradas. Estas devoraram as primeiras.
Os magos do Egito não puderam interpretar os sonhos do Faraó. O copeiro-chefe, então, se lembrou de José e da interpretação que este dera ao seu sonho na prisão. Faraó mandou vir José, o qual lhe interpretou os sonhos: haveria sete anos de grande fartura no Egito, seguidos de sete anos de fome (Gn 41.1-32).
José não somente interpretou os sonhos do Faraó, mas também aconselhou-o a nomear administradores que ajuntassem boa parte de toda a colheita do Egito nos anos de fartura e, deste modo, provessem mantimento para os anos de fome. Faraó acolheu o conselho de José e nomeou o próprio José como Governador do Egito (Gn 41.34-44). “E a José chamou Faraó de Zafenate-Panéia, e lhe deu por mulher a Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om… Era José da idade de 30 anos…” (Gn 41.45-46). José e sua esposa egípcia tiveram dois filhos, Manassés e Efraim (Gn 41.50-52).
Nesta mensagem, vamos refletir sobre a experiência de Pedro, discípulo e apóstolo de Cristo. Como Abraão (mensagem anterior), ele também teve um bom começo; depois, um tempo de provação e desgaste; e, então, uma renovação. Dizemos que Abrão renovou com Deus porque ele viveu nos tempos do Velho Testamento e Deus lidou com ele diretamente. Pedro viveu nos tempos do Novo Testamento, durante o ministério terreno de Jesus. Foi Jesus quem o chamou, o perdoou, o salvou e o transformou.
Simão, também chamado Pedro, era um homem iletrado, um simples pescador. Foi apresentado a Jesus por seu irmão André, também um pescador. Posteriormente, Jesus os chamou dizendo-lhes:
“Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram” (Mt 4:18-20).
Pedro, assim como André e outros que Jesus chamou, passaram a viver na companhia de Jesus. Descobriram que este Mestre era diferente dos outros… Muito diferente. Era o Mestre dos mestres, o Messias, o Salvador do mundo! Jesus gastava mais tempo com eles do que com as multidões. E eles aprenderam muito. Suas vidas nunca mais foram as mesmas.
Um dia Jesus lhes perguntou: “Quem dizeis que eu sou?” Pedro, mais extrovertido e falador, respondeu prontamente: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.15-16). Jesus, então, disse a Pedro que ele era um bem-aventurado por assim crer, e que ele jamais teria chegado a esta conclusão por sua própria inteligência ou por ensino de outros; tal conhecimento e fé só podiam resultar de uma revelação de Deus, o Pai (Mt 16.13-17).
Entretanto, “Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas … ser morto e ressuscitado ao terceiro dia” (Mt 16.21). Passados muitos dias, estando Jesus em Jerusalém, sofrendo uma dura oposição, ele preveniu os seus discípulos, dizendo: “Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas.
Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia.” Pedro, então, estava na crista da onda, cheio de fé e coragem. Impetuoso, como sempre, respondeu: “Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim.” Jesus acrescentou: “Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.” Mas Pedro, confundindo fé e coragem com temeridade e presunção, respondeu: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo” (Mt 26.31-35).
Aquela noite foi terrível. Jesus levou seus discípulos para o jardim do Getsêmani, e lhes disse: “A minha alma está profundamente triste; ficai aqui e vigiai comigo.” Ele próprio adiantou-se um pouco e pôs-se a orar. Depois, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: “Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” Outras duas vezes Jesus afastou-se para orar, e outras duas vezes voltou e encontrou os discípulos dormindo… Por fim, disse-lhes: “Lavantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima. Falava ele ainda, e eis que chegou Judas… e com ele, grande turba com espadas e porretes… Então, os discípulos todos, deixando-o, fugiram” (Mt 26.36-56). Se tivessem vigiado e orado, como Jesus lhes recomendara…
“E os que prenderam Jesus o levaram à casa de Caifás, o sumo sacerdote, onde se haviam reunido os escribas e anciãos. Mas Pedro o seguia de longe até ao pátio do sumo sacerdote e, tendo entrado, assentou-se entre os serventuários, para ver o fim…” (Mt 26.57-58). A hora era das mais críticas: Jesus tinha sido traído por um dos seus próprios discípulos; os outros, deixando-o, fugiram. Pedro, ao que parece, fez melhor, mas não o suficiente. Seguiu a Jesus, sim, mas “de longe” e “para ver o fim”. Provação, desgaste, distanciamento, derrotismo… A queda era iminente.
Um criada aproximou-se de Pedro e lhe disse: “Também tu estavas com Jesus, o galileu. Ele porém o negou diante de todos…” Outra criada o reconheceu, e Pedro negou a Jesus segunda vez. Logo, outras pessoas lhe disseram: “Verdadeiramente, és também um deles… Então, começou ele a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem!” (Mt 26.69-74).
Três coisas contribuíram para a rápida renovação de Pedro. A primeira foi preparada por Jesus, quando, na véspera, disse a Pedro: “… nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.” Os galos cantam ao nascer do sol, um pouco mais cedo ou um pouco mais tarde. Naquela manhã, um galo próximo cantou exatamente na hora que Jesus queria, para despertar a consciência de Pedro. “Imediatamente cantou o galo. Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera…” (Mt 26.74-75). Lucas registrou um detalhe que os outros evangelistas não registraram: “Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou…” (Lc 22.61). Você pode imaginar aquele olhar?Certamente não foi de acusação, de condenação. Foi, sim, um olhar triste, sofrido, mas também compassivo, misericordioso, perdoador, renovador! E funcionou. Aquele olhar, assim como o canto do galo, despertaram a memória de Pedro: Ele se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera. A renovação com Cristo começa assim, com o despertar da consciência, com o retorno à Palavra de Jesus!
O passo seguinte, consequente, foi o arrependimento. “Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente” (Lc 22.62). Ou, como lemos em Marcos: “E caindo em si, desatou a chorar” (Mc 14.72). Depois disso, veio a certeza do perdão e a reconsagração.
Depois da morte e da ressurreição de Jesus, algumas mulheres foram ao túmulo prestar-lhe uma homenagem póstuma. O túmulo estava aberto. O corpo de Jesus não estava lá. Um anjo apareceu e disse às mulheres: “Jesus… ressuscitou, não está mais aqui… Mas, ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse” (Mc 16.1-7). Porque o anjo, a serviço de Deus e de Cristo, fez menção especial de Pedro? Provavelmente para que Pedro tivesse certeza do perdão de Jesus, e se sentisse membro do grupo de discípulos, outra vez. Posteriormente, Jesus completaria essa renovação de Pedro perguntando-lhe, na presença dos demais: “Pedro, amas-me mais do que estes outros?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus, então, lhe disse: “Apascenta os meus cordeiros.” Isto se repetiu por três vezes! Pedro negara a Jesus três vezes… Jesus o encoraja a dizer três vezes: “Senhor Jesus, eu te amo!” Jesus também o comissiona TRÊS vezes: “Apascenta as minhas ovelhas.” Amor e serviço consumam a renovação. Pedro volta a ser um “pescador de homens” e um “pastor de ovelhas”.
Ainda neste início de ano, inspiremo-nos no exemplo de Pedro. Ele fracassou sim, num determinado momento, numa hora particularmente difícil, mas arrependeu-se, obteve o perdão gracioso de Cristo e renovou-se no espírito e na disposição de servir ao Senhor! Quem não passa por momentos assim difíceis de provação ou perdas, de desânimo e esfriamento da fé? Mas o “galo” canta sempre, isto é, de algum modo o Senhor toca a nossa consciência… O olhar triste, mas amoroso e perdoador do Senhor completa a obra, põe-nos no caminho de volta: o do amor e serviço a Cristo! Isto é renovação!
Pr. Éber Lenz Cesar. Igreja Presbiteriana Luz do Mundo, 01/2000.