A jornalista Cláudia Matarazzo escreveu em Classe, revista de bordo
Alegria, apesar de tuo! III. Mente submissa.
III. Mente submissa. Fp 2. No estudo anterior, Mente integral
O estudo das Histórias Bíblicas sempre me encantou. A de
Na primeira parte desta mensagem, vimos que, por sua providência,
Ronald Sider escreveu um livro com um título intrigante: “O
“Bem-aventurado o homem cuja força está em ti […] o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva.” (Salmo 84.4-6).
Nos tempos do Velho Testamento, os israelitas piedosos faziam peregrinações regulares a Sião, a mesma Jerusalém, para adorar a Deus no templo e celebrar festas religiosas. Esta era a alegria maior de suas vidas; eles amavam os tabernáculos de Deus, suspiravam pelos átrios do Senhor, exultavam pelo Deus vivo! (Salmo 84.1-4). Aquelas peregrinações eram muito difíceis em certos trechos, mas eles as enfrentavam com alegria; renovavam suas forças antegozando o momento em que apareceriam diante de Deus em Sião (v.7).
O trecho mais difícil da viagem, incontornável para a maioria deles, era o Vale Árido (Versão Revista e Atualizada), também chamado Vale de Baca (Versão Revista e Corrigida), Vale das Lamentações (Septuaginta), Vale de Lágrimas (Vulgata Latina), e Vale das Balsameiras (Bíblia de Jerusalém). “Baca” é uma palavra hebraica que significa “choro”, “lágrima”. As balsameiras são plantas que destilam, gotejam ou “choram” o bálsamo, uma resina de odor tão agradável que a palavra “bálsamo” veio a significar, figurativamente, “alívio”, “conforto”, “lenitivo”.
As peregrinações de Israel são um tipo ou símbolo da peregrinação dos cristãos neste mundo. Jesus disse aos Seus discípulos: “Vós não sois do mundo […]” (João 15.19). Paulo escreveu aos filipenses: “A nossa pátria está nos céus […]” (Filipenses 3.20). Pedro dirigiu suas epístolas “aos eleitos […], peregrinos e forasteiros […]” (I Pedro 1.1; 2.11). Os israelitas faziam suas peregrinações a Jerusalém a fim de adorar a Deus no templo; nós, os cristãos, estamos a caminho da chamada Jerusalém Celestial onde haveremos de adorar e servir ao Deus Triúno, em “tabernáculos eternos”.
Peregrinando aqui, temos passado, sim, por lugares de indizível beleza; o Bom Pastor nos tem conduzido por “pastos verdejantes”, e nos tem levado “para junto das águas de descanso” (Salmo 23.1,2); anjos têm vindo do céu à terra somente para nos proteger (Salmo 34.7); temos vivido experiências agradabilíssimas. Entretanto, não há por que negar que alguns trechos do caminho têm sido muito difíceis. Não temos podido evitar o “Vale de Baca” ou “Vale de Lágrimas”. Gostaríamos que o Salmo Pastoril (Salmo 23) falasse somente de “pastos verdejantes”, “águas tranqüilas” e “mesas postas”, e não mencionasse o “vale da sombra e da morte” (v.4). Mas a referência está ali…
Se você, irmão (ã) está passando pelo “Vale de Baca”, quero lembrar-lhe que o seu equivalente físico na Palestina recebeu este nome não porque era árido, difícil, sofrido, mas por causa das plantas que cresciam ali e “choravam” bálsamo. Este vale recende a bálsamo! Nesta e na próxima mensagem, vamos ver quanto conforto e lenitivo existe neste vale.
1. O VALE DE BACA É MUITO FREQUENTADO.
Os israelitas de quase toda a Palestina tinham que passar pelo Vale de Baca, quando a caminho de Jerusalém. A topografia os obrigava a isto. Na experiência cristã não é diferente. Alguns são levados, como que “por via aérea”, do berço para a glória da Jerusalém Celestial, e escapam do Vale de Lágrimas; mas todos os outros têm que passar por ele. Parece que Moisés passou por este vale repetidas vezes. Idoso, sofrido e enfadado, ele orou: “Volta-te, Senhor! Até quando? Tem compaixão dos teus servos […]. Alegra-nos por tantos dias quantos nos tens afligido, por tantos anos quantos suportamos a adversidade.” (Salmo 90.13,14).
Muitas são as adversidades que nos afligem e nos fazem chorar no transcurso desta nossa peregrinação terrena: desapontamentos, desastres, calamidades, perdas, escassez, enfermidades, morte. De um modo ou de outro, cedo ou tarde, mais ou menos vezes, todos passamos pelo vale.
2. O VALE DE BACA É MUITO INDESEJÁVEL.
3. O VALE DE BACA É MUITO PROVEITOSO.
Torna-nos mais fortes, mais humildes, mais dependentes de Deus, enfim, mais crentes. A companhia e as necessidades dos outros peregrinos ensinam-nos a pensar mais neles, e a “levar as cargas uns dos outros” (Gálatas 6.2). O autor do Salmo 119 aprendeu muito no Vale de Baca, razão porque orou: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a Tua Palavra […]. Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os Teus decretos.” (vs. 67,71). Paulo passou por este vale diversas vezes, e testemunhou: “[…] aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura como de fome, assim de abundância, como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.11-13).
Éber M. Lenz César, Igreja Presbiteriana das Graças, Recife, Agosto de 1992
AS BÊNÇÃOS DO SOFRIMENTO
O problema do sofrimento desafia a nossa compreensão. Não conseguimos entender por que que Deus permite o sofrimento, sendo que Ele é Deus bom e amoroso. Um homem idoso e sábio disse que “a dor existe justamente porque Deus é bom”. Esta não é toda a verdade, mas é uma parte importante da verdade.
EVIDÊNCIA DE AMOR
Suponhamos que uma criança gravemente enferma. É necessário e urgente operá-la a fim de salvar-lhe a vida. O pai, então. entrega-a aos médicos para que seja operada. Porque a operação importa em sofrimento, você diria que este pai não ama seu filho?
Em Hb 12.5-8 está escrito que “O Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como a filhos); pois que filho há a quem o pai não corrige? Mas se estais sem correção […] sois bastardos, e não filhos.” A dor e o sofrimento indicam que Deus, nosso Pai, nos ama e, também, que somos filhos de Deus. Para salvar-nos do pecado Ele permite ou até mesmo envia a dor, o sofrimento, as tribulações. Paulo escreveu aos romanos: “[…] gloriemo-nos […] nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança” (Rm 5.3-5). Deu nos ama e nos chama para perto de Si, mesmo que tenha que ser através da dor. Os que entendem assim o sofrimento podem cantar, sinceramente, o conhecido hino: “Mais perto quero estar meu Deus de Ti, ‘inda que seja a dor que me una a Ti […]”. Vamos considerar duas formas comuns de sofrimento e suas bênçãos.
POBREZA
Uma forma de sofrimento que aflige a maioria das pessoas é a pobreza. Os mais pobres, às vezes, não têm nem mesmo o que comer, o que vestir e onde morar. Todavia, muitas vezes é entre eles que se encontram as maiores expressões de fé, Eles geralmente aprendem mais depressa a confiar em Deus (Lc 14, 15-23; I Co 1,26-29).
Quando o nosso coração se angustiar devido a falta de alguns bens, pensemos naqueles que temos, nos afetos que nos cercam e em todas as bênçãos que recebemos. Há sempre muito que agradecer a Deus. Pode ser necessário orar pedindo perdão a Deus por esta nossa ambição muitas vezes desmedida.
Os homens geralmente são egoístas, avarentos e materialistas.Vivem preocupados com o alimento, com o vestuário, com a casa e com a saúde. Precisam dar mais atenção a estas palavras de Jesus:
“Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Não é vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes? Observai as aves do céu: Não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo vosso Pai celeste as sustenta… Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo… quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Portanto, não vos inquietais dizendo: Que comeremos? Que beberemos? ou: Com que nos vestiremos? porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas,’ buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas ” (Mt 6.25-33).
O apóstolo Paulo, que experimentou tanto a fartura como a escassez e aprendeu a estar contente em toda e qualquer situação (FI 4.11-12), escreveu aos romanos: “Aquele que não poupou o Seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou, porventura não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas? “ (Rm 8.32. Ver FI 4.19).
DOENÇA
A doença é uma das grandes provas por que tem que passar a maioria das pessoas. Essa provação não atinge somente os que adoecem, mas também os seus familiares, que se esmeram em cuidados, vigílias e sacrifícios pelo enfermo, Ora, de que modo a doença pode ser uma bênção?
A enfermidade física lembra que a vida terrena é efêmera e que os bens materiais têm um valor limitado; geralmente reaproxima o homem de Deus, quebranta o orgulho e predispõe as pessoas para o evangelho, Na proporção, talvez, em que o corpo adoece, a alma se restabelece de suas enfermidades, enfermidades estas mais terríveis e prejudiciais do que as do corpo. Comumente as pessoas preocupam-se mais com as enfermidades do corpo do que com as da alma. Se nos fosse possível ver as almas das pessoas como vemos os seus corpos, ficaríamos horrorizados.
Muitos homens e mulheres que ostentam uma bela aparência física, têm a alma raquítica, agonizante, sem fé, sem paz, sem amor, sem esperança, sem alegria, sem propósito, sem Cristo, sem Deus.
Jesus, quando curava os enfermos, dava-lhes primeiro a lição da precedência da saúde espiritual sobre a saúde física. Assim fez, por exemplo, com o paralítico da Cafarnaum. Não se apressou em curar-lhe a paralisia, mas disse-lhe primeiro: “Filho, os teu pecados estão perdoados” (Mt 9.2). De nada vale ter um corpo sadio e a alma enferma. Ver Mt 16.26.
Tais pensamentos e lembranças nos ajudarão a enfrentar melhor as enfermidades e a ver nas mesmas o amor e o propósito de Deus. No final, poderemos até orar como o Salmista: “Tu és bom e fases o bem […]. Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos […]. Bem sei, ó Senhor […] que com fidelidade me afligiste […]” (Sl 119.68,71,75).
Éber Lenz César . 11/1996
A jornalista Cláudia Matarazzo escreveu em Classe, revista de bordo da TAM:
A articulista ressalta que não está falando de “grandes pecados, aqueles que fariam você arder no fogo do inferno”, mas de “pecados pequeninos e (quase) inofensivos […]”. Ela sugere e comenta, entre outros, os seguintes: tomar Coca-Cola no café da manhã; voltar para a cama depois de comer; andar sem roupa pela casa; fumar no quarto e por toda a casa; encarar alguém atraente no trânsito, flertar até onde tiver vontade e, se valer a pena, pedir o telefone; entrar num sex shop e comprar o que quiser, sem auto censura… Por fim, sugere a articulista,
“Faça reserva para passar a noite em seu hotel preferido. E leve tudo o que comprou na sex shop. E ligue para o telefone da pessoa atraente do trânsito. Decida se o próximo passo entrará na categoria dos pecados que contam pontos para o inferno e, se valer a pena, vá em frente…”
“Sua vida está difícil? Nunca pareceu tão chata? A pressão está insuportável e você não vê a hora de fugir para um respiro, qualquer que seja ele? Não se descabele. Antes de se entregar a devaneios sobre como ganhar na loteria para se permitir um cruzeiro pelas ilhas gregas […] respire. Pense que nem sempre é preciso recorrer a expedientes tão extremos para se livrar das pressões. Pecar pode ser a solução […].”
Os conselhos que rolam por aí…
Quando li este artigo, lembrei-me imediatamente das palavras de Davi, no Salmo 1: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios… antes tem o seu prazer na Lei do Senhor e na Sua lei medida de dia e de noite […].”
Os conselhos da jornalista, assim como tantos outros que rolam por aí, implícitos ou explícitos, nas revistas, nos jornais, nos livros, na televisão, nas escolas e universidades não são bons, pois desprezam, ironizam ou ignoram os ensinos da Palavra de Deus.
Na Bíblia, pecado é pecado; não há “grandes pecados” e “pecados pequeninos e (quase) inofensivos”. Os envolvimentos e conseqüências podem ser mais ou menos danosos para o pecador e os circunstantes, mas todos contam pontos para o inferno! “Fumar é prejudicial à saúde”, que é um dom de Deus. Mas não destrói o lar, necessariamente. Transar com a pessoa atraente do trânsito vai ser bom, por uns minutos ou uma noite. Mas, e o cônjuge, os filhos, a consciência, a comunhão do Deus? E todo este sofrimento que há por aí resultante do sexo sem conhecimento mútuo, sem compromisso, sem alianças, sem cartório, sem amor, sem a bênção de Deus? Não há camisinha que previna estes males. O Ministério da Saúde devia saber. Mas eles também não lêem a Bíblia!
Vale a pena?
“Se valer a pena, vá em frente!”, escreveu a jornalista. O que vale a pena? Qual é a pena? “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23). Salomão, aquele mesmo que pediu sabedoria a Deus (I Reis 3.3-12), deu conselho melhor:
Cristo é a solução!
Pecar nunca é a solução! A solução para as chatices da vida, para as pressões, para as provocações, para as carências afetivas, para as tentações é resistir a tudo isso e fazer a vontade de Deus.
“Alegra-te, jovem, na tua juventude […] anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas. Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor […]” (Ec. 11:9-10).
Contudo, isto é muito difícil senão impossível para qualquer um de nós. Como Adão e Eva, temos uma atração quase irresistível por tudo que é proibido (Gênesis 3.6). A Bíblia nos diz que Deus nos ama e que sua vontade é “boa, agradável e perfeita” (Romanos 12.2). Mesmo assim, é difícil para nós fazermos a sua vontade e não pecar. Na Bíblia, termo pecar significa errar o alvo, não seguir pelos caminhos traçados por Deus.
Não tem jeito, a menos que admitamos o problema – somos pecadores, e nos arrependamos, e recorramos à graça perdoadora e transformadora de Deus em Cristo. O mesmo versículo que diz “o salário do pecado é a morte”, diz também: “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 6.23). Na Bíblia, vida eterna não é apenas vida sem fim; é vida com Deus e com Cristo; é uma qualidade superior de vida; é uma vida vitoriosa. Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10). Essa vida nunca é chata. Quem a tem não quer pecar, não precisa pecar, tem tudo para não pecar. Se pecar, sofre outra vez, arrepende-se outra vez, confessa outra vez e é perdoado outra vez!
Visto que “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23), foi preciso Jesus morrer na cruz, em nosso lugar. Ele morreu por nossos pecados (I Coríntios 15.3). como um “bode expiatório” (Números 5.8). Por isso, João escreveu: “O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado […]. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1.7,9).
O passo seguinte é confiar em Cristo para vencer as pressões internas e externas, a cobiça, as tentações. Mas temos a promessa:
“Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (I Co 10.13).
Resta apenas ressaltar que, se, por um lado, a iniciativa de todo esse processo de salvação, transformação e vitória contra o pecado é de Deus, e se consumou através da vida, morte e ressurreição de Cristo, por outro lado, nós, uma vez salvos, devemos participar do processo de santificação de nossa vida estudando a Bíblia (Salmo 119,9,10,105), orando (Mateus 26.41) e desviando-nos conscientemente de toda forma de mal (I Pedro 3.11).
Pecar nunca é a solução! A solução está em Cristo e na obediência à Sua Palavra.
Pr. Éber Lenz César
Vivemos numa época complexa, sob muita tensão, acompanhando cada dia, senão a cada hora, as coisas boas e as coisas ruins que acontecem neste mundo globalizado. Assaltos, crimes, corrupção, desemprego, pobreza, divórcios, doenças, desastres… Além disso, temos nossos próprios problemas: dificuldades circunstanciais e principalmente os chamados problemas emocionais: ansiedade, conflitos, solidão, culpa, medo…
O que fazer? Psicólogos, terapeutas e outros profissionais do ramo, claro, podem nos ajudar, e muito. Entretanto, se somos cristãos, podemos e devemos recorrer à oração e à leitura direcionada da Palavra de Deus. A Bíblia tem textos e conselhos preciosos para os que estão sofrendo com problemas emocionais. Os estudos anexos não têm pretenções profissionais, nem esgotam o ensino bíblico a respeito, mas espero que ajudem, que deem uma direção, que confortem. Podem ser estudados individualmente ou em grupos. Também podem ser adaptados e ministrados como palestras ou sermões.
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Salmos para Dias Difíceis
Introdução
Quem não tem dias difíceis, de aflição, medo, dúvida, pecado, desolação, decepção ou angústia? Parentes, pastores, irmãos em Cristo, amigos nem sempre sabem como ajudar. E quem está sofrendo geralmente prefere o isolamento. Conforta-nos saber que admirados personagens bíblicos e homens e mulheres tementes a Deus, de todos os tempos, vivenciaram dias assim. Davi, rei de Israel, mais que outros, compartilhou, em Salmos, seus sentimentos, temores, lutas e vitórias nos seus dias mais difíceis. Nesta série, buscamos orientação e conforto em alguns destes Salmos.
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Todos os anos, em fevereiro, o pensamento da maioria dos brasileiros é um só: Carnaval! Há os que sonham com o Carnaval o ano inteiro. Três dias de folga, prazer descontraído, samba e folia atraem mesmo. Além do mais, essa festa popular anual é, pelo menos em parte, uma expressão cultural, um folclore.
Todavia, há muitos que consideram o Carnaval um absurdo. Falam, criticam, denunciam… Há também os indiferentes, que não participam, mas também não criticam. Eu pessoalmente sou favorável ao Carnaval. E nem é por por seus aspectos culturais e folclóricos… Aprovo o carnaval por outros motivos… E por estes, acho até que devemos ter carnaval nas igrejas, e não só nesta época do ano, mas continuamente! Aliás, é o que temos feito, com mais ou menos empenho…
Agora, antes que eu seja mal compreendido e despojado do pastorado, quero explicar que há uma grande diferença entre a maneira como nós os cristãos celebramos o carnaval e a maneira como transcorre essa festa no mundo. O Carnaval oficial tem sofrido muitas mudanças através dos anos…
Os gregos antigos, já em 600 a.C., realizavam uma festa anual de gratidão aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Em 590 d.C., a Igreja Cristã incorporou a festa, dando-lhe um novo sentido, ou seja, o de purificação. Seria um tempo de dizer “adeus à carne”. Aliás, o termo Carnaval, do latim “carne vale”, significa exatamente isto. Neste sentido, o carnaval é bíblico!
O Carnaval bíblico.
O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos Romanos que
“…os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito… O pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz… Os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.5-8).
Visto que o desejo de todo cristão verdadeiro é agradar a Deus, ele fará o seu carnaval, ou seja, dirá adeus à carne (e não só numa época do ano…).
Não será nada fácil, porque, como escreveu o mesmo apóstolo,
“A carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que porventura seja do vosso querer” (Gl 5.17).
Foi Paulo também quem recomendou aos cristãos de Colossos:
“Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lascívia, desejo maligno…” (Cl 3.5).
Essa “natureza terrena” é o que o apóstolo chamou de “carne” nas passagens citadas. Ele está dizendo que a “natureza terrena”, a “carne”, que pende para o pecado, que puxa para o mal, pode e deve ser enfraquecida sistematicamente, até à inanição. Assim o Espírito vencerá a luta! É um carnaval! Ver Rm 8.13.
O que aconteceu com o Carnaval?
Na Idade Média, as condições morais e espirituais da igreja eram péssimas. Os ensinos da Palavra de Deus tinham sido negligenciados. Foi então que os cristãos mais conscientes resolveram se abster dos pecados da carne pelo menos por uns quarenta dias (a Quaresma) antes da celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, na chamada Semana Santa. Seria um carnaval de quarenta dias. (Só?)
Logo, muitos, considerando que teriam um prolongado jejum da carne, começaram a fazer uma festa de despedida da carne. Queriam aproveitar ao máximo os prazeres da carne, antes de se despedirem dela… Com o passar do tempo, o jejum de quarenta dias caiu no esquecimento, mas a festa de despedida da carne continuou…
O Carnaval deixou de ser um adeus à carne e transformou-se num bem-vindo à carne.
O Carnaval moderno, com desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX (época da rainha Vitória, do Reino Unido). Posteriormente, Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo.
Não se pode negar que o Carnaval dos nossos dias, celebrado em tantos países, é uma festa linda, colorida e criativa (com exceções). No Brasil, atrai turistas do mundo inteiro… e gera dinheiro. Muitos o veem como a “Festa da Alegria”. Lamentavelmente uma alegria superficial, forjada, efêmera, associada à cerveja, à sexualidade, à lascívia, à carne. Quando termina, há tristeza, frustração… e consequências… Antes da era da camisinha e do aborto, muitos bebês indesejados nasciam exatos nove meses depois do Carnaval.
Mas, e o nosso Carnaval?
A despeito de tudo, minha palavra final é um convite para o carnaval, um carnaval verdadeiro e permanente, no seu sentido original: um adeus à carne. E isto porque “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8). Mais que um convite, temos, na Bíblia, várias exortações neste sentido:
“Amados, exorto-vos… a vos absterdes das paixões carnais que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios…” (I Pe 2.11-12).
Bem fazem muitas igrejas quando usam esses dias para um Retiro Espiritual. Durante os meus 13 anos e meio de pastorado na Igreja Presbiteriana das Graças, em Recife, PE, realizamos muitos retiros, alguns com mais 200 pessoas. Saudades!
Pr. Éber Lenz César ([email protected])
No estudo anterior, Mente integral (Fp 1) aprendemos que é perfeitamente possível estar alegre, a despeito das circunstâncias. O segredo é a mente integral, um modo de pensar e viver totalmente devotado a Cristo. O versículo chave é “Para mim o viver é Cristo” (1.21).
Neste estudo, baseado em Fp 2, veremos que o segredo da alegria a despeito das pessoas é segredo a Mente submissa. O versículo chave:
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (2.3).
No cap. 1, Paulo coloca Cristo em primeiro lugar; no cap. 2, ele coloca os outros em segundo lugar. Ele próprio fica em terceiro e último lugar. Isto é mente submissa!
O apóstolo menciona quatro exemplos:
Cristo é o exemplo por excelência.
“… Cristo Jesus… subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens… a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte…”
Ou como lemos na Bíblia A Mensagem (E. Peterson):
“Mesmo em condição de igualdade com Deus, Jesus nunca pensou em tirar proveito dessa situação… Quando sua hora chegou, ele deixou de lado os privilégios da divindade e assumiu a condição de escravo, tornando-se humano…” (vs. 5-8).
Note: Jesus sempre existiu na “forma de Deus”, ou seja, em condição de igualdade com Deus (Ver Jo 1.1; Jo 14.9; Hb 1.1-3). Mas não se agarrou a isto egoisticamente; não pensou em si mesmo; pensou nos outros, pensou em nós. Algo assim: “Eu não posso ficar aqui e usufruir destes privilégios egoisticamente; preciso usá-los em benefício da humanidade… Para tanto, vou abrir mão desta glória celestial, vou descer lá e fazer o que for preciso, custe o que custar!” (Veja Jo 17.4-5).
Esta é a primeira característica da mente submissa: ela pensa nos outros. No Novo Testamento, encontramos mais de 20 instruções de Deus sobre a maneira como devemos pensar uns nos outros e servir uns aos outros: “Levai as cargas uns dos outros” (Gl 6.2), “Consolai-vos uns aos outros” (I Ts 5.11), “Servi uns aos outros” (I Pe 4.10), e outras.
Pensar nos outros abstratamente não basta; é preciso servi-los também. Jesus pensou nos outros e “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo…” Tinha a forma de Deus, mas assumiu a forma de servo! Não fingia ser Deus; era Deus! Não fingiu ser servo; tornou-se, de fato, um servo. “… não veio para ser servido, mas para servir…” (Mt 20.28). Nos evangelhos, vemos Jesus servindo os discípulos, os amigos, os pecadores, as meretrizes, os publicanos, os enfermos.
Jesus chegou a levar os pés dos seus discípulos, um trabalho que só os servos ou escravos faziam. Quando terminou, disse aos discípulos: “Vós me chamais o Mestre e o Senhor… Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo…” (Jo 13.4-5, 13-15).
Muitos até que estão dispostos a servir, mas quando isto não lhes custa nada ou não mais que um pouco de trabalho. Se há uma preço a pagar, perdem o interesse e desistem. Paulo escreveu aos Filipenses que Jesus “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz” (2.8). A cruz era o instrumento de morte mais doloroso e vergonhoso do Império Romano. Jesus voluntariamente a suportou pelos outros, por nós, para salvar-nos. Sua morte não foi a de um mártir, mas a de um Salvador. Ele “veio para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). Para servir, é preciso dar, seja tempo, dinheiro, trabalho, amor, ou a própria vida…
Alguém já disse: “O ministério que não custa nada, não realiza nada.” Para haver alguma bênção, tem que haver algum sacrifício. Um pastor estava observando as barracas e artigos à venda durante uma festa religiosa. Reparou num pequeno anúncio sobre uma das barracas: “Cruzes baratas”. E pensou consigo mesmo: “É isso que muitos cristãos procuram – cruzes baratas. A do meu Senhor não foi barata. Por que a minha haveria de ser?”
O cristão que tem uma mente submissa não pensa prioritariamente em si; pensa nos outros e vive para servir os outros; não foge do trabalho ou do sacrifício que se fizer necessário.
Paulo refere-se ao seu próprio sacrifício comparando-o à libação praticada pelos sacerdotes do Velho Testamento (Nm 15. 1-5). Ele escreveu: “Mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, alegro-me…” (2.17). Paulo sabia que seu ministério e o sacrifício a favor dos filipenses poderia terminar em condenação e morte. Mas isso não lhe roubava a alegria. Sua morte seria uma sacrifício voluntário, sacerdotal, por Cristo e sua igreja. Isso era motivo de alegria para ele.
Timóteo e Epafrodito também tinham mentes submissas. Referindo-se ao primeiro, Paulo escreveu: “A ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide dos vossos interesses; pois todos buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo” (2.20-21). Falando de Epafrodito, o apóstolo escreveu: “…meu cooperador e companheiro de lutas… vosso mensageiro e vosso auxiliar nas minhas necessidades” (2.25). E mais: “Honrai sempre a homens como esse; visto que, por causa da obra de Cristo, chegou ele às portas da morte, e se dispôs a dar a própria vida, para suprir a vossa carência de socorro para comigo” (2.29-30).
Este é o segredo da alegria a despeito das pessoas. Desenvolver uma mente submissa, colocar os interesses dos outros acima dos interesses próprios, ter uma disposição de servo.
As idéias básicas foram extraídas do livro Seja Alegre”, de W. Warrem Wiersbe. Ed. Nucleo, Portugal.
Pessoas morrem todos os dias, muitas na nossa cidade ou mesmo vizinhança. Outras muitas, às centenas, senão aos milhares, estão nos hospitais, acidentadas ou muito doentes. Mormente, ocupados demais, distraídos demais, sofridos demais, nem nos apercebemos das perdas e sofrimentos alheios. Nem suportaríamos se nos envolvêssemos emocionalmente com todos… Talvez por isso, o segundo mandamento ordena o amor “ao próximo”. Pelo menos a este, eu entendo.
Obviamente, este é o que acontece estar por perto, cruzar o nosso caminho.
Acontece, às vezes, ficarmos chocados e condoídos pelo sofrimento dos distantes, estranhos. Eu, por exemplo, perco o sono quando ocorrem acidentes aéreos. Fico pensando no horror dos passageiros naqueles minutos fatais, e nos parentes que esperam seus queridos nos aeroportos ou em casa…
Nesta semana finda, fiquei chocado com a tragédia da passarela que caiu na Linha Amarela, no Rio de Janeiro, esmagando dois carros, matando pelo menos cinco pessoas. Como se não bastasse, uma ex-ovelha da Igreja Presbiteriana Luz do Mundo pediu-me para visitar uma senhora no Hospital Badim, meu vizinho. Eu e minha esposa fomos visitá-la no mesmo dia. Ficamos muito condoídos… Juliana Perpétua está hospitalizada desde novembro, com um câncer muito agressivo, e está muito mal. Tem dois filhos, um menino de 5 anos, uma menina de 10 meses. Desde então, eu e Márcia estamos orando pelos parentes das vítimas da passarela e por esta jovem senhora e sua família. Dei a estes um exemplar do meu livrinho: “Passando pelo vale árido – Conforto e encorajamento para os que sofrem”. Estes sentimentos de solidariedade lembram-me uma passagem bíblica muito conhecida:
“Alegrai-vos com os que se alegram, e chorai com os que choram” (Rm 12.15).
“Alegrai-vos com os que se alegram…”. Trata-se de uma participação espiritual e emocional nas alegrias e sofrimentos alheios, participação esta que faz as pessoas, principalmente os irmãos em Cristo, se alegrarem e se entristecem juntas.
Nos primeiros anos da igreja (e em épocas posteriores), os cristãos foram muito perseguidos. Eles só podiam reunir-se em lugares isolados ou escondidos, como as Catacumbas de Roma. Então, havia muita solidariedade entre eles. Quando um deles tinha motivos para se alegrar, todos se alegravam com ele; quando sofria e chorava, todos choravam com ele.
Em João 2, vemos que Jesus, seus discípulos e sua mãe foram a um casamento, em Caná da Galiléia, e se alegraram com os nubentes e seus familiares. Por que não? O motivo da alegria era justo, e o modo como todos se alegravam era condizente com a boa educação e com os princípios que Jesus vinha ensinando. Então, por que não participar da festa? Além disso, quando surgiu um imprevisto, uma necessidade, Maria se preocupou, Jesus socorreu, e como! Resultado: muitos creram em Jesus como sendo o Messias e Salvador!
Neste exemplo, vemos que as festas de casamento, de aniversário e outras são excelentes oportunidades para os crentes se alegrarem com os que se alegram e, nas oportunidades, ajudar. Esta solidariedade fraternal é um bom testemunho da fé cristã. Como geralmente há convidados não cristãos nestas festas, pode ser que alguns, bem impressionados, queiram saber um pouco mais a respeito dessa nossa irmandade… e a respeito de Jesus!
Nas parábolas da Ovelha Perdida, da Moeda Perdida e do Filho Pródigo, contadas por Jesus, em Lucas 15, temos outros exemplos de solidariedade fraternal. O pastor da ovelha chamou seus amigos e lhes disse: “Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida”. O mesmo fizeram a mulher, quando achou a sua moeda, e o pai do pródigo, quando este, arrependido, voltou para casa (Lc 15.6, 9, 22-24). Explicando o sentido espiritual destas parábolas, Jesus disse: “…de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15.10). Há festas no céu! E Deus, o Pai, não se alegra sozinho!
É verdade que as pessoas, ás vezes, se alegram de forma inadequada e pecaminosa (com bebidas alcoólicas, drogas, farras, imoralidade). Jesus não se alegraria com os que se alegram desse modo. E nós também não devemos fazê-lo. Entretanto, quantas vezes é a inveja e o despeito que nos impedem de nos alegrarmos com os que se alegram… Este foi o problema do irmão do referido Filho Pródigo (Lc 15.25-32).
“… e chorai com os que choram.” Diante do túmulo de Lázaro, vendo Maria, Marta e seus amigos chorando, “Jesus chorou” (Jo 11.35). Os circunstantes comentaram: “Vede quanto o amava” (Jo 11.34-36). O apóstolo Paulo recomendou à igreja de Corinto:
“… se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (I Co 1225-26).
Devemos chorar com os que choram, porém não como as carpideiras, choradeiras profissionais que acompanhavam enterros com lágrimas ensaiadas, forçadas. Aliás, chorar com os que choram não significa necessariamente derramar lágrimas. Estamos falando de sentimento interior, de amor, de pesar, de presença amiga, de conforto e encorajamento, de boas palavras… ou de sábio silêncio!
Pr. Éber César ([email protected])
Se desejar ler mais sobre solidariedade e como confortar os que sofrem, peça, por este e-mail, um exemplar do meu livro
“Passando pelo vale árido – Conforto e encorajamento para os que sofrem” (R$ 15,00).
Numa reunião da liderança numa das igrejas que pastoreei, falou-se bastante sobre motivação: motivação para viver a vida cristã, para frequentar os cultos da igreja, para participar da Escola Bíblica Dominical, para orar com os irmãos nas nas reuniões de oração, para ler a Bíblia e orar regularmente, para evangelizar, para ser- vir… O sentimento geral dos que participaram da referida reunião foi que está faltando motivação para essas atividades.
A enciclopédia digital, Wikipédia define motivação como segue:
“… força propulsora (desejo) por trás de todas as ações de um organismo; processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta”.
A enciclopédia cita o psicólogo C.W. Bergamini:
“…motivação é uma inclinação para a ação que tem origem em um motivo… A motivação, portanto, nasce somente das necessidades humanas…”
Por exemplo, as pessoas têm necessidade de trabalhar e ganhar dinheiro. Na medida em que se conscientizam desta necessidade, esforçam-se neste sentido, têm motivação para tanto. E como! Somem-se à referida necessidade, as ambições e até mesmo algumas vaidades pessoais. A motivação aumenta! Muito estudo, muito trabalho, muitas renúncias, tudo por um sonho, um ideal!
Certamente não tem nada errado com a motivação ou entusiasmo que sentimos ante melhor proposta de emprego, melhor salário, um novo curso, uma bela viagem. Afinal se os temos, é porque Deus assim nos abençoou ou está abençoando. Sejamos agradecidos, permaneçamos humildes e aproveitemos as oportunidades. Sucesso!
Todavia, entristece-nos constatar que muitos parecem motivados, bastante motivados para essas conquistas, para certos eventos e festas, mas não para aquelas outras atividades mencionadas acima: cultos, Escola Dominical, estudo bíblico, oração, evangelismo etc.. Estas outras práticas também suprem necessidades, e necessidades básicas, prioritárias!
Na vida, há uma hierarquia de valores. Algumas coisas são mais importantes do que outras. Por que?
Vale lembrar aqui estas conhecidas palavras de Jesus no seu Sermão do Monte:
“Buscai, pois, em, primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça…” (Mt 5.33).
Saulo de Tarso sempre foi um homem motivado, intenso. Antes de sua conversão a Cristo, seus motivos eram equivocados. Era zeloso de sua religiosidade, mas cego para a revelação de Deus em Cristo. Fazia os maiores sacrifícios, perseguindo os cristãos. Quando se converteu, mudou de lado, ajustou o foco e tornou-se um dos mais dedicados e frutíferos servos do Senhor Jesus. Não media esforços para pregar o evangelho e doutrinar os que se convertiam.
Paulo, como passou a se chamar, era um homem culto, rico, raça pura, sangue bom, proeminente. Mas, convertido, refez sua escala de valores. Uma vez, após listar valores antigos, ele disse:
“Mas, por amor a Cristo, todas essas coisas, que eu considerava como lucro, agora considero como perda. E não somente essas coisas, mas considero tudo como completa perda por causa daquilo que tem muito mais valor: o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor…” (Fp 3.7-8).
Tudo o mais perde valor e importância diante da sublimidade do conhecimento de Cristo e da vida em comunhão com ele, a serviço dele! As coisas que antes considerávamos imprescindíveis, vão para o fim da fila, tornam-se contingenciais.
O referido apóstolo resumiu esta postura, numa frase que ficou famosa: “Para mim, o viver é Cristo…” ou, como lemos na Bíblia na Linguagem de Hoje: “Afinal, o que é a vida? A vida para mim é Cristo…” (Fp 1.21).
Há uma outra declaração deste apóstolo que me faz pensar:
“O amor de Cristo nos constrange… Ele morreu por todos para que aqueles que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (II Co 5.14-15).
O que motivava o apóstolo Paulo, portanto, era o reconhecimento e a gratidão em face da expressão maior do amor de Deus por nós, a dádiva do seu Filho (Jo 3.16; Rm 5.8), assim como o amor do próprio Cristo, que esvaziou-se de sua glória celestial, inseriu-se no nosso tempo e espaço, viveu a nossa vida (mas sem pecado), morreu por nossos pecados, ressuscitou e está junto ao Pai Celestial preparando lugar para nós (Fp 2.5-8; Jo 14.1-3). Além disso, ele sabia que somente Deus e Cristo podem abençoar e dar sentido a todas as outras nossas atividades nesta vida.
Quais são os seus valores mais preciosos? Qual é a sua motivação? E para que?
Pr. Éber Lenz César ([email protected])
Há muitos anos, quando eu trabalhava como voluntário em um hospital, vim a conhecer uma menininha chamada Liz que sofria de uma terrível e rara doença. A única chance de recuperação para ela parecia ser através de uma transfusão de sangue de seu irmão mais velho, de apenas 5 anos, que milagrosamente tinha sobrevivido a mesma doença e parecia ter, então, desenvolvido os anticorpos necessários para combatê-la.
O médico explicou toda a situação para o menino e perguntou, então, se ele aceitava doar o sangue dele para a irmã. Vi o menino hesitar por um pouco, mas, depois de uma profunda respiração, ele disse: “’Tá certo, eu topo já que é para salvá-la…”.
À medida que a transfusão foi progredindo, aquela criança, deitada na cama, ao lado da cama da irmã, sorria ao ver as bochechas dela voltarem a ter cor. De repente, seu sorriso desapareceu e ele entristeceu. Olhou para o médico e perguntou com a voz trêmula:
– Eu vou começar a morrer logo, logo?
Por ser tão pequeno e inocente, o menino tinha interpretado mal as palavras do médico, pois pensou que teria que dar todo o seu sangue para salvar a irmã! Ver I Pe 1.18-19.
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A história da mulher que ungiu os pés de Jesus com um precioso ungüento é bastante conhecida. Está registrada em Lucas 7.36-50. Tem tudo a ver com um sincero e profundo amor a Jesus por seu perdão e bênção. É também uma advertência contra as atividades religiosas oportunistas e egoístas.
Tudo aconteceu durante um jantar tipicamente oriental. Os personagens envolvidos são Jesus, um fariseu chamado Simão, que convidou Jesus para o jantar, e a mulher que entrou sem ser convidada e ungiu os pés de Jesus. Jesus comparou os procedimentos e motivos do fariseu (muito religioso) e da mulher (muito pecadora). Na avaliação de Jesus, o fariseu perdeu pontos, a pecadora ganhou pontos… Vamos ver por quê.
Simão convidou Jesus para um jantar em sua casa. Por que motivo? Com que intenção? Ele não cria em Jesus, afinal (v. 39, “Se este fora profeta…); seu trato com Jesus era formal (v.40); ele promoveu um jantar pomposo, mas negligenciou coisas mínimas que poderiam indicar atenção e amizade (vs.44-46); ele desprezou a mulher que entrou em sua casa e chorou aos pés de Jesus; chamando-a de pecadora.
Por que, então, este homem ofereceu um banquete a Jesus? Suas atitudes parecem indicar que o fez apenas socialmente, tendo em vista a popularidade de Jesus. Pode ter sido também por mera curiosidade. Quantos em nossos dias dão uma de Simão. Promovem ou participam de cerimônias religiosas, ditas cristãs, somente por motivos sociais, ou por curiosidade. Não seria o caso de tantos batizados, casamentos, ações de graças etc.? Isto porque ou quando tais cerimônias não resultam de reconhecimento, de fé, de gratidão, e desejo sincero de seguir e servir ao Senhor Jesus!
Não temos o seu nome. Somente este qualificativo: “pecadora”. Foi Simão quem a identificou como tal, esquecendo-se de que ele também era um “pecador”. Jesus acolheu a ambos.
Que fez a mulher? Ela entrou na casa de Simão, chorou aos pés de Jesus e ungiu-os com precioso ungüento. Com que sentimentos? Ela o fez: humildemente, sem aparato ou ostentação; chorosa, arrependida dos seus pecados; carinhosamente, beijando os pés do Senhor; agradecida, ungindo os pés de Jesus com ungüento (v. 38). O texto parece indicar que esta mulher anônima, pecadora, tinha sido perdoada e abençoada por Jesus em uma ocasião anterior. Sua homenagem ao Senhor foi por gratidão. Todavia, o Senhor a abençoaria ainda mais.
Jesus pôs lado a lado os dois pecadores, comparou suas homenagens, seu serviço, suas atitudes, e censurou o fariseu (vs.44-46). As diferenças resultaram das convicções de cada um a respeito de si mesmos e a respeito de Jesus. É o que se percebe na parábola que Jesus contou a Simão, em seguida: “Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro cinquenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?” (vs.41-42). Note:
A resposta do fariseu, “Aquele a quem mais perdoou”, assim como a segunda parte deste versículo, “aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama” indicam que o perdão vem primeiro e é gracioso, imerecido. Amor e serviço agradecido seguem o perdão. Todavia, criam condições para mais perdão, mais bênçãos, plena salvação. Depois de tudo, Jesus disse à mulher: “Perdoados são os teus pecados” e “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (vs. 48,50).
Simão, o fariseu… A mulher pecadora… Com qual dos dois nos identificamos melhor? A religiosidade do fariseu, formal, de eventos, deixou-o sem arrependimento, sem perdão, sem amor, sem salvação. A mulher pecadora reconheceu que não tinha com que pagar; confiou na graça e na misericórdia do Salvador Maravilhoso e foi perdoada e salva. Quanto amor e gratidão encheram o seu coração!
Pr. Éber Lenz César ([email protected])