O Nosso Carnaval
Muitos sonham com o Carnaval o ano inteiro… Outros o detestam… Eu pessoalmente sou favorável ao Carnaval. E nem é por por seus aspectos culturais e folclóricos… Aprovo o carnaval por outros motivos… E por estes, acho até que devemos ter carnaval nas igrejas, continuamente! Espere! Não me condene. Vou explicar.
Os gregos antigos realizavam uma festa anual de gratidão aos deuses pela fertilidade do solo e pela colheita. Em 590 d.C., a Igreja Cristã incorporou a festa, dando-lhe um novo sentido, ou seja, o de purificação. Seria um tempo de dizer “adeus à carne”. Aliás, o termo carnaval, vem do latim “carne vale”, que significa exatamente isto. Neste sentido, o carnaval é bíblico!
O apóstolo Paulo escreveu: “…os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito… O pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz… Os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.5-8).
Visto que o desejo de todo cristão verdadeiro é agradar a Deus, ele fará o seu carnaval, ou seja, dirá adeus à carne (e não só numa época do ano. Não é fácil, porque. “A carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne…” (Gl 5.17).
O que aconteceu com o Carnaval?
Na Idade Média, as condições morais e espirituais da igreja eram péssimas. Então, os cristãos mais conscientes resolveram se abster dos pecados da carne pelo menos por uns quarenta dias (Quaresma) antes da celebração da Morte e Ressurreição de Cristo. Seria um carnaval de quarenta dias. (Só?)
Logo, muitos, considerando que teriam um prolongado jejum da carne, começaram a fazer uma festa de despedida da carne. Com o passar do tempo, o jejum de quarenta dias caiu no esquecimento, mas a festa de despedida da carne continuou. O Carnaval deixou de ser um adeus à carne e virou um bem-vindo à carne.
O Carnaval moderno, com desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX. Posteriormente, Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo.
Mas, e o nosso Carnaval?
A despeito de tudo, minha palavra final é um convite para o carnaval, um carnaval verdadeiro e permanente, no seu sentido original: um adeus à carne. E isto porque “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8).
Bem fazem muitas igrejas quando usam esses dias para um Retiro Espiritual. Nas igrejas que pastoreei, realizamos muitos, alguns com mais de 200 pessoas. Saudades!
Pr. Éber Lenz César [email protected]