Alegria, apesar de tudo. IV. Mente espiritual.
Falamos dos “ladrões de alegria”: circunstâncias, pessoas, coisas preocupação. Como
Alegria, apesar de tudo. IV. Mente espiritual.
Falamos dos “ladrões de alegria”: circunstâncias, pessoas, coisas preocupação. Como
Alegria, apesar de tuo! III. Mente submissa.
III. Mente submissa. Fp 2. No estudo anterior, Mente integral
O estudo das Histórias Bíblicas sempre me encantou. A de
Na primeira parte desta mensagem, vimos que, por sua providência,
Ronald Sider escreveu um livro com um título intrigante: “O
Como podemos impedir que estes ladrões continuem a nos roubar a alegria que temos em Cristo? Desenvolvendo atitudes mentais corretas, como as que Paulo ensina e exemplifica em cada capítulo de sua carta aos Filipenses:
Já estudamos a mente integral e a mente submissa. Agora, vamos estudar as características da mente espiritual, com a qual podemos lidar corretamente com as coisas, não permitindo que nos roubem a alegria. Paulo fala disso no capítulo 3 de Filipenses. Neste capítulo, o apóstolo usa onze vezes a palavra coisas. Salienta que muitas pessoas “só se preocupam com as coisas terrenas” (v.19). Mas o cristão tem uma mente espiritual e interessa-se, acima de tudo, pelas coisas espirituais ou celestiais; ele vê as coisas deste mundo de um ponto de vista celestial, e afirma, com o apóstolo:
“A nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o salvador, o Senhor Jesus Cristo” (v. 20).
Isto faz uma grande diferença! A ânsia por coisas rouba a alegria das pessoas, inclusive de muitos cristãos. Queremos ter coisas e descobrimos que, muitas vezes, são elas que tomam conta da gente. O único modo de ter alegria a despeito das coisas, e cultivar uma mente espiritual, ou seja, procurar ver para as coisas de um ponto de vista espiritual, ou do ponto de vista de Deus. É isto que o apóstolo Paulo nos ensino em Fp 3.
Tomando por base a sua própria experiência, ele nos ensina a:
Os verbos chave que Paulo usa nestas três partes do cap 3:
É muito fácil nos deixarmos enredar por “coisas”, não só as tangíveis (bens materiais), como as intangíveis (reputação, fama, empreendimentos, etc). As coisas ou bens materiais não são más em si mesmas; são bênçãos de Deus. Precisamos delas (Ver Mt 6.31-34; I Tm 6.17). Mas Jesus nos ensina que “a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui” (Lc 12.35). Muitas pessoas que possuem abundância de coisas, de bens materiais, as coisas que o dinheiro pode comprar, acabam perdendo as que o dinheiro não pode comprar, principalmente a alegria.
A palavra chave aqui, como dissemos acima, é considerar (3.8). Tem que ver com a atitude diante das coisas (tangíveis e intangíveis). Geralmente, não paramos para considerar o real valor das coisas, e como estas coisas afetam ou mesmo determinam nossas decisões e a direção que damos a nossa vida. Muitos sãos escravos das coisas e são consumistas! Querem sempre mais! Nunca é o bastante. Lamentam e ficam insatisfeitos ou mesmo tristes porque não têm isto ou aquilo… E quando perdem alguma coisa, perdem também a alegria. Coisas roubam a alegria!
O mesmo se pode dizer das coisas intangíveis: status, fama, reconhecimento. Até mesmo a religiosidade, a justiça própria. Paulo era muito religioso (fariseu, circuncidado) e cheio de justiça própria… E isto o cegava espiritualmente a ponto de rejeitar a Cristo e perseguir os cristãos. Quando se converteu (por um milagre), considerou tudo como perda. Preservou seus valores morais e religiosidade, naturalmente; mas passou a confiar em Cristo (3.8, final até v. 10).
Paulo nunca se permitia ficar satisfeito com as vitórias já alcançadas; queria sempre mais; sabia que ainda não era perfeito; mas tinha o exemplo de Cristo como padrão e modelo; e prosseguia para este alvo! Alguns cristãos ficam satisfeitos consigo mesmos porque se comparam com outros cristãos, e não com Cristo.
Paulo dizia:
“Uma coisa faço: esquecendo-me do que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo…” (3.13-14a).
a) “Uma coisa”. Ver também Sl 27.4; Mc 10.21; Lc 10.42. É comum nos envolvermos demais com muitas coisas. Mas o segredo do avanço está em nos concentrarmos numa coisa, no mais importante, num determinado alvo. E aqui, o alvo é Cristo, a perfeição em Cristo, ou seja, a maturidade cristã (ver Ef. 4.12-13).
b) “Coisas que para trás ficam”. Os fracassos, as quedas e problemas…
c) “Avançando… prossigo para o alvo” . O alvo mencionado no item (a): maturidade. Um texto que encoraja e oriente neste sentido: I Tm 4.7-8.
É interessante que numa carta cheia de alegria, vemos o autor, o apóstolo Paulo chorando (v.18). Por que ele chora?
Mente espiritual... Muitos entendem mal o que seja ser de fato espiritual. Não significa ser místico, piegas, alienado. Alguns hipocritamente tentam mostrar espiritualidade com orações elaboradas, mudando a voz para um tom que julga ser piedoso, meloso, retórico ou sepulcral… Mente espiritual, no contexto deste capítulo da carta de Paulo aos Filipenses é ver as coisas da perspectiva do Céu, de Deus; implica dar maior valor às coisas que realmente têm valor eterno. Veja outra vez Cl 3.2.
Todavia é preciso lembrar que os cristãos têm uma dupla cidadania: são cidadãos do Céu e cidadãos da terra. O grande evangelista Moody costumava repreender os cristãos que tinham “uma mentalidade tão espiritual, que não tinham qualquer utilidade na terra” .
Sabendo que estamos aqui de passagem, usaremos as coisas, na medida da necessidade; mas não viveremos para as coisas; viveremos para Cristo, aguardando sua volta.
“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (3.20).
Pr. Éber Lenz César
(Estes estudos aproveitam algumas ideias de um precioso livro de Warrem Wiersbe, intitulado Seja Alegre, Editora Núcleo, Portugal).
No estudo anterior, Mente integral (Fp 1) aprendemos que é perfeitamente possível estar alegre, a despeito das circunstâncias. O segredo é a mente integral, um modo de pensar e viver totalmente devotado a Cristo. O versículo chave é “Para mim o viver é Cristo” (1.21).
Neste estudo, baseado em Fp 2, veremos que o segredo da alegria a despeito das pessoas é segredo a Mente submissa. O versículo chave:
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (2.3).
No cap. 1, Paulo coloca Cristo em primeiro lugar; no cap. 2, ele coloca os outros em segundo lugar. Ele próprio fica em terceiro e último lugar. Isto é mente submissa!
O apóstolo menciona quatro exemplos:
Cristo é o exemplo por excelência.
“… Cristo Jesus… subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens… a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte…”
Ou como lemos na Bíblia A Mensagem (E. Peterson):
“Mesmo em condição de igualdade com Deus, Jesus nunca pensou em tirar proveito dessa situação… Quando sua hora chegou, ele deixou de lado os privilégios da divindade e assumiu a condição de escravo, tornando-se humano…” (vs. 5-8).
Note: Jesus sempre existiu na “forma de Deus”, ou seja, em condição de igualdade com Deus (Ver Jo 1.1; Jo 14.9; Hb 1.1-3). Mas não se agarrou a isto egoisticamente; não pensou em si mesmo; pensou nos outros, pensou em nós. Algo assim: “Eu não posso ficar aqui e usufruir destes privilégios egoisticamente; preciso usá-los em benefício da humanidade… Para tanto, vou abrir mão desta glória celestial, vou descer lá e fazer o que for preciso, custe o que custar!” (Veja Jo 17.4-5).
Esta é a primeira característica da mente submissa: ela pensa nos outros. No Novo Testamento, encontramos mais de 20 instruções de Deus sobre a maneira como devemos pensar uns nos outros e servir uns aos outros: “Levai as cargas uns dos outros” (Gl 6.2), “Consolai-vos uns aos outros” (I Ts 5.11), “Servi uns aos outros” (I Pe 4.10), e outras.
Pensar nos outros abstratamente não basta; é preciso servi-los também. Jesus pensou nos outros e “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo…” Tinha a forma de Deus, mas assumiu a forma de servo! Não fingia ser Deus; era Deus! Não fingiu ser servo; tornou-se, de fato, um servo. “… não veio para ser servido, mas para servir…” (Mt 20.28). Nos evangelhos, vemos Jesus servindo os discípulos, os amigos, os pecadores, as meretrizes, os publicanos, os enfermos.
Jesus chegou a levar os pés dos seus discípulos, um trabalho que só os servos ou escravos faziam. Quando terminou, disse aos discípulos: “Vós me chamais o Mestre e o Senhor… Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo…” (Jo 13.4-5, 13-15).
Muitos até que estão dispostos a servir, mas quando isto não lhes custa nada ou não mais que um pouco de trabalho. Se há uma preço a pagar, perdem o interesse e desistem. Paulo escreveu aos Filipenses que Jesus “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz” (2.8). A cruz era o instrumento de morte mais doloroso e vergonhoso do Império Romano. Jesus voluntariamente a suportou pelos outros, por nós, para salvar-nos. Sua morte não foi a de um mártir, mas a de um Salvador. Ele “veio para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). Para servir, é preciso dar, seja tempo, dinheiro, trabalho, amor, ou a própria vida…
Alguém já disse: “O ministério que não custa nada, não realiza nada.” Para haver alguma bênção, tem que haver algum sacrifício. Um pastor estava observando as barracas e artigos à venda durante uma festa religiosa. Reparou num pequeno anúncio sobre uma das barracas: “Cruzes baratas”. E pensou consigo mesmo: “É isso que muitos cristãos procuram – cruzes baratas. A do meu Senhor não foi barata. Por que a minha haveria de ser?”
O cristão que tem uma mente submissa não pensa prioritariamente em si; pensa nos outros e vive para servir os outros; não foge do trabalho ou do sacrifício que se fizer necessário.
Paulo refere-se ao seu próprio sacrifício comparando-o à libação praticada pelos sacerdotes do Velho Testamento (Nm 15. 1-5). Ele escreveu: “Mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, alegro-me…” (2.17). Paulo sabia que seu ministério e o sacrifício a favor dos filipenses poderia terminar em condenação e morte. Mas isso não lhe roubava a alegria. Sua morte seria uma sacrifício voluntário, sacerdotal, por Cristo e sua igreja. Isso era motivo de alegria para ele.
Timóteo e Epafrodito também tinham mentes submissas. Referindo-se ao primeiro, Paulo escreveu: “A ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide dos vossos interesses; pois todos buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo” (2.20-21). Falando de Epafrodito, o apóstolo escreveu: “…meu cooperador e companheiro de lutas… vosso mensageiro e vosso auxiliar nas minhas necessidades” (2.25). E mais: “Honrai sempre a homens como esse; visto que, por causa da obra de Cristo, chegou ele às portas da morte, e se dispôs a dar a própria vida, para suprir a vossa carência de socorro para comigo” (2.29-30).
Este é o segredo da alegria a despeito das pessoas. Desenvolver uma mente submissa, colocar os interesses dos outros acima dos interesses próprios, ter uma disposição de servo.
As idéias básicas foram extraídas do livro Seja Alegre”, de W. Warrem Wiersbe. Ed. Nucleo, Portugal.