Natal – Histórias do Natal. V. O anúncio aos pastores
A BOA NOVA DE GRANDE ALEGRIA. Lucas 2.8-20 Ao
Natal – Histórias do Natal. V. O anúncio aos pastores
A BOA NOVA DE GRANDE ALEGRIA. Lucas 2.8-20 Ao
Natal – Histórias do Natal. IV. O nascimento de Jesus
Lucas 2.1-7 Para muitos, o Natal não passa de uma
Natal – Histórias do Natal. III. José e Maria
Lucas 1.26-39, 56 com Mt 1.18-2. Dos quatro evangelistas, somente
Natal – Histórias do Natal: II. João Batista, o precursor
Lucas 1.13-17, 57-66; 3.1-14 Na pequena cidade de Judá onde
Natal – Histórias do Natal: 1. Zacarias e Isabel
Lucas 1.5-25 O primeiro grande acontecimento que o médico e
Natal – As Histórias do Natal. V. O anúncio aos pastores
Veja esta e última de três belas apresentações das histórias
O estudo das Histórias Bíblicas sempre me encantou. A de
Na primeira parte desta mensagem, vimos que, por sua providência,
Ronald Sider escreveu um livro com um título intrigante: “O
A BOA NOVA DE GRANDE ALEGRIA.
Ao tempo que em Jesus nasceu, evidentemente, não havia repórteres, jornais, rádio, televisão, satélites, parabólicas, fax, celulares e Internet. A “mídia” restringia-se aos chamados arautos, oficiais do governo incumbidos de fazer as proclamações oficiais. Eles chamavam a atenção do povo tocando os seus tambores e, então, em altas vozes, davam as notícias ou liam os decretos do rei.
O nascimento de Jesus, entretanto, não foi anunciado nem mesmo pelos arautos. E por que o seria? Uma “criança envolta em faixas e deitada em manjedoura”, no fundo de um quintal qualquer… Uma entre tantas outras crianças judias nascidas de pais pobres, sem referências sociais importantes… É verdade que José e Maria eram “da casa e da família de Davi”, mas quem se importava?
Nenhum arauto… romano! Mas um anjo vindo do céu, e, então, uma multidão de anjos! O próprio Deus os enviou a uns pobres pastores que, madrugada adentro, guardavam os seus rebanhos nas campinas de Belém. Os anjos não tocaram tambores, nem trombetas. Contudo, uma luz intensa brilhou ao redor deles. Era a glória de Deus! Os pastores ficaram amedrontados. Mas o anjo que chegou na frente foi logo dizendo, com incontida excitação: “Não temais: eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Logo, “uma multidão da milícia celestial” juntou-se a este anjo e todos louvaram a Deus, dizendo: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem Ele quer bem” (vs.10-14).
Depois disto, os pastores foram até Belém, e “acharam Maria e José, e a criança deitada na manjedoura. E, vendo-o, divulgaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino. Todos os que ouviram se admiraram das cousas referidas pelos pastores” (vs.15-18). Note o seguinte:
A notícia acerca do nascimento de Jesus foi uma
“boa nova de grande alegria…”
O anjo disse aos pastores de Belém:
“Eis aqui vos trago boa nova de grande alegria… é que hoje vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.
Um outro anjo, senão o mesmo, dissera a José, nove meses antes:
“Ela (Maria) dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21).
Em toda a história da humanidade jamais se ouviu notícia tão boa e alegre! É uma lástima que tantos não lhe dêem a menor atenção.
O anjo disse mais:
“Vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo…”,
O evangelho (termo que significa boa nova) não seria para os pastores de Belém, apenas; nem somente para os judeus, mas “para todo o povo”, para o mundo inteiro, em todas as épocas. Começando naquele mesmo dia, os pastores
“… divulgaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino” (v.17).
Posteriormente, o próprio Jesus ordenou aos Seus seguidores:
“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mr 16.15).
O anjo disse aos pastores:
“E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura…” Em outras palavras: “Vão, procurem, confiram. Verão que é como lhes digo…”
Eles “foram apressadamente e acharam Maria e José, e a criança deitada na manjedoura”. As pessoas que ouvem a boa nova hoje devem ser encorajadas a conferir a mesma na Bíblia e, então, seus benefícios nas próprias vidas. O apóstolo Paulo elogiou os bereanos “pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram de fato assim” (At 17.11).
Após aquele primeiro anúncio da boa nova, os anjos louvaram a Deus, dizendo:
“Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens a quem ele quer bem…”
Proclamemos a boa nova de grande alegria. Deus será glorificado e haverá mais paz entre marido e mulher, pais e filhos, ricos e pobres…
Pr. Éber Lenz César ([email protected])
Para muitos, o Natal não passa de uma reunião de família, de comes e bebes, de troca de presentes. Não nos esqueçamos, porém, de que o Natal é a data em que se comemora o nascimento de Jesus, o Salvador do mundo. A ocasião é própria para uma revisão da história desse nascimento extraordinário e para uma reflexão sobre o seu significado. É o que estamos fazendo nestas primeiras mensagens desta série baseada no evangelho de Lucas. No texto acima indicado, este evangelista especifica o tempo, o lugar e o modo do nascimento de Jesus.
Paulo escreveu aos Gálatas:
“… vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher…” (Gl 4.4).
O texto de Lucas mostra que, de fato, Jesus nasceu na “plenitude do tempo”, isto é, no tempo oportuno, no tempo determinado por Deus.
O evangelista refere-se a César Augusto (v. 1). Este Augusto, anteriormente chamado Otávio, derrotou Antônio e Cleópatra, em Accio, apoderou-se do nascente Império Romano e se tornou o seu primeiro grande Imperador.
Ora, o Império Romano foi o quarto grande império desde os dias de Nabucodonosor, rei de Babilônia. Em Daniel 2, lemos acerca do sonho desse grande rei. Ele sonhou com
“uma grande estátua… A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris de bronze; as pernas de ferro, os pés em parte de ferro, em parte de barro… Um pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro… Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou em grande montanha que encheu toda a terra” (Dn 2.31-35).
A interpretação foi dada por Daniel, e foi a seguinte: A cabeça de ouro da estátua representava o Império Babilônico; o peito e os braços de prata representavam o Império Persa, que substituiria o Babilônico; o ventre e os quadris de bronze seriam o Império Grego, que sucederia ao Persa; as pernas e os pés de ferro e barro representavam o Império Romano, que, com sua força e suas fraquezas, seguiria o Império Grego. Quanto à pedra cortada sem auxílio de mãos, e que derrubou a estátua e se transformou numa
“grande montanha que encheu toda a terra”, Daniel disse: “Nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído… esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2.37-45).
Esta é uma das mais extraordinárias profecias bíblicas concernentes ao advento do Messias, do Cristo e do Seu Reino eterno (Ver Mr 1.14-15; Mt 12.28). Portanto, o nascimento de Jesus ao tempo de César Augusto cumpriu o sonho de Nabucodonosor e indica que o Rei dos reis nasceu “na plenitude do tempo”.
O profeta Miquéias havia predito que o Messias nasceria em Belém da Judéia
“E tu, Belém-Efrata… de ti me sairá o que há e reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade…”(Mq 5.2. Ver e Mt 2.4-6).
“Belém” significa “casa do pão”, e era, portanto, o lugar apropriado para nascer aquele que diria: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome…” (Jo 6.35). Belém era a “cidade de Davi” (Jo 7.42). Jerusalém também era “cidade de Davi” , mas porque o rei a tomou à força e a fez capital do seu reino; Belém era a “cidade de Davi” porque este rei nasceu ali e, quando jovem, humilde, apascentou, nas campinas da cidade, as ovelhas de seu pai. Jesus nasceu humildemente em Belém para ser o “Bom Pastor” e cuidar das ovelhas de Seu Pai (Jo 10.14-15).
“Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2. 6-7).
Cada frase é importante e tem profundo significado. Veja:
Lucas 1.26-39, 56 com Mt 1.18-2.
Dos quatro evangelistas, somente Lucas e Mateus contam como se deu o nascimento de Jesus.
O Dr. Lucas enfatiza mais a virgindade de Maria e a concepção miraculosa do menino Jesus. Ele conta que o anjo Gabriel apareceu a uma virgem desposada com certo homem, cujo nome era José. A virgem chamava-se MARIA. O anjo lhe disse:
“Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo… Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus…”
Maria perguntou:
“Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?”
O anjo então explicou:
“Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso o ente santo que há de nascer, será chamado Filho de Deus.” (Lc 1.26-35).
Este outro evangelista dá prosseguimento à história e conta que JOSÉ, ao sa-ber da gravidez de Maria, “resolveu deixá-la secretamente”. Mas um anjo lhe apare-ceu, em sonho, e lhe disse:
“José, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o no-me de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.”
Neste ponto, Mateus acrescenta um nota particularmente importante :
“Ora, tu-do isto aconteceu, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por inter-médio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer Deus conosco)” (Mt 1.23 e Is 7.14).
O evangelista termina a história dizendo que
“José… fez como lhe ordenara o anjo do Senhor, e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus” (1.24-25).
Entrementes, Lucas continua seguindo os passos de Maria. Segundo esse evangelista, ela viajou logo em seguida ao seu casamento, e foi passar uns tempos na casa de Zacarias e Isabel, na Judéia (1.39-40,56). Isabel, que era parenta de Maria, estava no sexto mês de gravidez, esperando João Batista (1.36).
Assim que Maria chegou à casa de Isabel, esta sentiu o bebê estremecer no ventre e ficou possuída do Espírito Santo. Não precisou Maria dar-lhe a alegre e auspiciosa notícia de sua própria gravidez, e de que Jesus, o Salvador, estava a caminho. Isabel o soube prontamente, talvez por revelação do Espírito Santo. Não se contendo de exultação,
“exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor?…” (1.39-45).
A resposta humilde de Maria foi um cântico de louvor a Deus, hoje conhecido em todo o mundo por sua primeira palavra, na versão latina: “MAGNIFICATE” (engrandecer):
“A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador… Pois desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o Seu nome…” (1.46-55).
Os jovens José e Maria, por sua piedade, pureza moral e obediência a Deus se tornaram um modelo para os jovens crentes de todos os tempos. Ambos os relatos referem a virgindade de Maria. Certamente, a mensagem principal dessas passagens é de cunho teológico: o nascimento virginal de Jesus, assim como seus ensinos e suas obras posteriores, serviu para mostrar, desde o começo, que Ele era o Filho de Deus ( Lc 1.35), o “Emanuel”, o “Deus conosco” (Mt 1.23).
Contudo, secundariamente, a história toda valoriza a castidade de José e a virgindade de Maria. Mateus registrou o importante detalhe: “Estando Maria desposada com José, sem que tivessem antes coabitado…” (Mt 1.18). E quando o anjo disse a Maria “Eis que conceberás…”, ela, muito simplesmente perguntou: “Como será isto, pois não tenho relação com homem algum” (Lc. 1.34).
“Os tempos mudam”, dizem. “Castidade e virgindade já eram!” Não para os namorados e noivos verdadeiramente cristãos. Paulo escreveu ao Tessalonicenses:
“Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostitui-ção, que cada um saiba possuir o próprio corpo, em santificação e honra, e não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus… Deus não nos chamou para a impureza, e, sim, em santificação” (I Tess. 4.3-7).
O exemplo de santidade que José e Maria nos legaram é parte das maravilhosas histórias do Natal de Cristo. Tenhamo-lo em mente ao celebrarmos uma vez mais aquele Natal, e renovemos, todos nós, o nosso propósito de viver uma vida pura, agradável a Deus e, consequentemente, mais honrada e feliz.
Pr. Éber Lenz CesarLucas 1.13-17, 57-66; 3.1-14
Na pequena cidade de Judá onde viviam Zacarias e Isabel, não se falava de outra coisa: “Um anjo apareceu a Zacarias… Isabel vai ter um filho… Quem diria?”
Foram meses de expectativa geral. Então, “A Isabel cumpriu-se o tempo de dar à luz, e teve um filho” (v.57). Vizinhos e parentes reconheceram “que o Senhor usara de grande misericórdia para com ela, e participaram do seu regozijo” (v. 58). Passados exatos oito dias, Zacarias e Isabel, como bons judeus, levaram o menino ao templo de Jerusalém para que fosse circuncidado e consagrado. Era tempo de dar nome à criança. Alguns sugeriram que lhe dessem o nome do pai, mas Zacarias e Isabel , obedecendo à determinação do anjo, chamaram-no de João. O nome significa graça ou favor de Deus.
Em face desta graça concedida a Zacarias e Isabel,
“…todos os seus vizinhos ficaram possuídos de temor”, e diziam: “Que virá a ser, pois, este menino?” (vs.65-66).
Esta é, ainda hoje, a pergunta que pais, parentes e amigos fazem quando nasce uma criança. Zacarias e Isabel, muito excepcionalmente, souberam, de antemão, qual seria o caráter do filho e o que ele faria na vida. O anjo lhes antecipou estas informações.
O anjo disse a Zacarias:
“… ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte, será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno…” (1.15).
Note: “Ele será grande diante do Senhor…” O mundo geralmente avalia as pessoas por sua beleza física, por sua cultura, por seu dinheiro, por seus bens. Mas Deus vê o coração, o caráter, a espiritualidade. João foi um homem simples, “usava vestes de pêlos de camelo, e um cinto de couro” e “sua alimentação era gafanhotos e mel silvestre” (Mt 3.4). Jesus disse uma vez que João não usava roupas finas, nem vivia em palácios (Lc 7.25). Além disto, por toda a sua vida, ele nunca bebeu vinho nem bebida forte, e foi um homem cheio do Espírito Santo (Lc 1.15. Ver Ef 5.18). E “a mão do Senhor estava com ele” (Lc 1.66). Por todos estes motivos, Jesus testemunhou a respeito de João, dizendo: “Entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João…” (Lc 7.25-28).
O anjo disse também:
“E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. E irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (1.15-17).
Num sentido, o missão de João foi única, pois ele preparou o caminho para o ministério terreno de Jesus. Noutro sentido, porém, ele fez o que todos os crentes cheios do Espírito Santo podem e devem fazer: converter pessoas a Deus e a Cristo, ser um instrumento de Deus para reconciliar pais e filhos, para fazer que os desobedientes obedeçam a Deus, para preparar o caminho para Cristo nas vidas das pessoas.
Os pais sempre querem que seus filhos sejam grandes. Não tem nada errado com isto. Mas é preciso que saibam em que consiste a verdadeira grandeza. João foi o maior porque seus pais foram piedosos e obedientes a Deus, e porque ele próprio, João, auxiliado pelo Espírito, creu em Cristo (Jo 1.32-34) e viveu uma vida simples, separada para Deus e consagrada ao serviço de Deus no mundo. Não podemos desejar e pedir a Deus nada melhor para nós próprios e para os nosso filhos.
O evangelista inicia este relato situando historicamente o chamado e o início do ministério de João.
Foi “no décimo-quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás…” (vs.1-2a).
Não vamos comentar aqui o caráter e o desempenho destes líderes políticos e religiosos. Basta-nos saber que uns e outros foram extremamente corruptos, e que aquela foi uma época sombria da história. Ora, foi justamente naqueles dias difíceis que “veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto” (v.2b). Saibamos não desesperar nem por nós mesmos nem pela causa do Senhor quando predominam a incredulidade, a imoralidade, a corrupção, a violência e a miséria. Deus pode estar preparando a redenção, e se manifestará oportunamente, mesmo no meio da crise.
João estava “no deserto” quando Deus lhe falou. Talvez tivesse ido para o deserto da Judéia a fim de preparar-se para o ministério que Deus tinha para ele, segundo as palavras do anjo a Zacarias, seu pai (1.15-17). Moisés também estava no deserto quando Deus o chamou para libertar Israel da escravidão do Egito (Êx 3-4); o próprio Jesus passou quarenta dias no deserto antes de começar o seu ministério (Lc 4); Paulo passou três anos nos desertos da Arábia antes de dar início às suas viagens missionárias (Gl 1.15-17). É no isolamento e na quietude do “deserto” ou do quarto fechado que melhor podemos ouvir a voz de Deus e preparar-nos para o ministério que ele tem para nós, qualquer que seja.
Depois que a Palavra de Deus veio a João, no deserto,
“ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados” (v.3).
O ministério de João consistiu em chamar os homens ao arrependimento, isto é, a uma mudança de mente em relação ao pecado, a fim de que pudessem receber a Jesus. Seu batismo teve o único valor de testemunhar externamente esse arrependimento. João preparou o caminho para o ministério mais amplo e completo de Jesus, o Salvador.
O povo, a princípio, pensou que João fosse o Cristo (Messias, no hebraico), mas João os corrigiu, dizendo: “Eu não sou o Cristo” (Jo 1.20), e “Eu na verdade vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu… Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (v.16). Este outro batismo, o de Cristo, não seria símbolo da mudança de mente apenas, mas também da mudança de coração e de natureza.
Preparando o caminho para Jesus, João cumpriu uma antiga profecia, agora lembrada por Lucas:
“Voz do que clama no deserto, preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos, aplanados; e toda a carne verá a salvação de Deus” (vs. 4-6; Is 40.3-5).
“Preparai o caminho do Senhor!” Como?
Com tais correções, possíveis mediante o arrependimento sincero e o retorno a Deus, “toda carne verá a salvação de Deus” , ou seja, o que Deus pode fazer em nossas vidas, em nossos lares, em nossas igrejas, em nossa sociedade.
Uma palavra final sobre o método empregado por João. Não foi nem convencional nem tão brando como as pessoas gostariam que fosse. Para sensibilizar os ouvintes e levá-los ao arrependimento, a “voz do deserto” usou expressões as mais fortes:
“Raça de víboras, quem voz induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento…” (vs. 7-9).
Deu certo. As pessoas, sensibilizadas, quiseram saber o que fazer, e quais seriam os “frutos dignos de arrependimento”.
Os pregadores de hoje precisam estar mais tempo no “deserto” a fim de pregar a Palavra de Deus com mais firmeza e coragem, sem omitir o amor e a brandura, claro. Em muitas circunstâncias, poderá ser proveitoso abrir um espaço na liturgia dos cultos para o povo responder à pregação e perguntar: “Que faremos?” Isto aconteceu durante as pregações de João, de Jesus, de Pedro, de Paulo. Em resposta a tais indagações, resultantes da inquietação suscitada pela pregação, o pregador poderá fazer aplicações específicas da mensagem, como o fez João Batista.
Por outro lado, as congregações hodiernas precisam receber a Palavra com mais sensibilidade, inquirir, e, sobretudo, produzir “frutos dignos de arrependimento”. O resultado será o mesmo de então:
“Toda carne verá a salvação de Deus.”
Pr. Éber Lenz César ([email protected])
[i] Mais a frente, quando chegarmos ao capítulo 3 deste evangelho, consideraremos mais detalhadamente o Ministério de João Batista.
Lucas 1.5-25
O primeiro grande acontecimento que o médico e evangelista Lucas registrou em seu Evangelho foi o aparecimento de um anjo a um sacerdote judeu chamado Zacarias. O anjo disse ao sacerdote:
“Tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho a quem darás o nome de João. Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento” (vs.13-14).
Esta palavra foi tanto mais importante porque desde os dias de Malaquias, o último dos profetas do Velho Testamento, Deus não se manifestava a ninguém em Israel. Falando com Zacarias, através deste anjo, Deus quebrou um silêncio de quatrocentos anos. Além disso, como veremos numa outra mensagem, o filho de Zacarias e Isabel, João Batista, nasceu comissionado para a nobre missão de preparar o caminho para Jesus, o Salvador. Deus estava cumprindo uma das últimas profecias do Velho Testamento:
“Eis que envio o meu mensageiro que preparará o caminho diante de mim…” (Ml 3.1).
Lucas tem o cuidado de dar-nos o contexto histórico e político deste acontecimento extraordinário e auspicioso. Foi “nos dias de Herodes”. Esta observação é importante porque aqueles dias foram particularmente difíceis para o povo de Deus. Por determinação do Senado Romano, Herodes, o Grande, governou a Palestina de 40 a.C. a 4 d.C. Ele foi um rei muito violento e incrivelmente desumano. Foi ele quem mandou matar todos os meninos judeus de dois anos para baixo, querendo com isto que, em algum lugar, o menino Jesus fosse morto.[i] Esta simples observação – “nos dias de Herodes…”, lembra-nos que grandes bênçãos da parte de Deus às vezes ocorrem em tempos muito difíceis.
Como indivíduos e como casal, Zacarias e Isabel têm muito a nos ensinar. Lucas registrou que
“… ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor” (v. 6).
Note a palavra “ambos”. Ambos eram crentes, e bons crentes! E isto apesar de Herodes!
Todavia, “não tinham filho, porque Isabel era estéril” (v.7a). Naquele contexto cultural, não ter filhos era uma vergonha, uma grande provação.[ii] Isto lembra-nos que a graça de Deus a ninguém isenta de tribulações, nem mesmo aos crentes mais piedosos.[iii]
Mas Zacarias e Isabel, quando “avançados em dias” (v.7b), receberam a sua bênção maior, a que justificou suas vidas. Isto acontece às vezes: a maior bênção pode estar por vir; e poderá ser aquela pela qual terá valido a pena viver, mesmo até a velhice. O salmista escreveu acerca dos justos: “Na velhice darão ainda frutos e serão cheios de seiva e de verdor…” (Sl 92.14).
(Aguarde postagem da segunda mensagem desta série, na próxima semana).
Pr. Éber Lenz César ([email protected])
[i] Não devemos confundir este Herodes com Herodes Antipas ou com Herodes Filipe, seus filhos e sucessores, também referidos neste evangelho (3.1,19; 23.8,11).
[ii] Ver Lucas 1.25 e I Samuel 1.5-6,10-11.
[iii] Ver Tiago 1.2-4; Romanos 8.28.
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Veja esta e última de três belas apresentações das histórias do Natal!
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